Em meio às incertezas da pandemia, e após uma paralisação nas vendas para a China, Embrapa mostra otimismo para a exportação de carne bovina em 2022. Especialista no tema, Monica Marchett, comenta o cenário.
Segundo o relatório “Pecuária e Aves: Mercados e Comércio Mundial”, elaborado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a exportação de carne bovina do Brasil pode chegar a 2,7 milhões de toneladas neste ano. Se a previsão se concretizar, este pode ser o recorde histórico nacional, ultrapassando os números de 2020, que chegaram a 2 milhões de toneladas. O material foi publicado em janeiro deste ano.
A Embrapa, em projeções divulgadas também no mês passado, mostrou otimismo com a alta das exportações. Para a instituição, o principal destino deve ser a Ásia. A retomada deve ser importante para o segmento, considerando os impactos da suspensão da importação da carne brasileira pela China em setembro passado, devido a dois casos de encefalopatia espongiforme bovina (EBB), conhecida como a doença da vaca louca.
Para se ter ideia do peso da agropecuária na economia nacional, dados obtidos pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP em conjunto com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), no ano passado, apontaram que só o PIB do agronegócio cresceu 10,8% em 9 meses e projetando a participação de quase um terço do segmento no PIB nacional (28%).
A empresária do agronegócio, Monica Marchett, especializada em melhoria genética e criação extensiva de nelores, complementa: “o crescimento de 32,2% em relação aos primeiros cinco dias de janeiro de 2021 é alavancado pelas compras da China e dos EUA. Com preço médio por tonelada 12% maior do que em 2021, a receita média gerada para o setor subiu 48,1%. O lucro saltou de US$ 24,2 milhões no ano passado para US$ 35,8 milhões já nos primeiros dias de 2022”.
Mercado interno
A Embrapa considera fatores como a inflação e o desemprego como determinantes para a queda no consumo de carne bovina pelo brasileiro. Os altos valores dos insumos e a demanda internacional também provocam o aumento no valor da proteína tão presente na mesa do brasileiro. Segundo informações do Itaú BBA, o Brasil registrou a queda de 2% no consumo de carne em 2021, menor nível em 12 anos.
Sobre a questão, Monica Marchett, afirma: “os custos para o produtor não são pequenos. Em 2021, os custos com defensivos para culturas de milho e soja aumentaram mais de 100%. Há também o custo com animais de reposição, já que o ciclo pecuário é constante. Assim, podem faltar vacas para abate e abastecimento do mercado interno. As demandas nacionais e internacionais contribuem diretamente para o valor que chega ao consumidor”.
Por fim, a empresária, que recebeu recentemente o Prêmio de Reconhecimento Genético Zebuíno da ABCZ Mulher, projeta um ano otimista para a pecuária brasileira: “tivemos esta semana o registro de R$ 343 no preço da arroba do boi, um aumento em relação à média do ano passado (R$ 300/arroba) e vemos o mercado chinês aquecido. Fatores como o tempo, a pandemia e questões de incentivo ao agro podem ser determinantes para o desempenho do setor no ano”, conclui.
Imagem: Divulgação
Mais em: Monica Marchett e DINO