Lena, nervosa, entra em casa falando pelos cotovelos, para a amiga.
— Não sei o que dizer. Foi muito fácil me ofender. Eu queria colocar uma faixa nos olhos quando ele me disse aquelas palavras ofensivas. Disse que sou comilona e gordinha. Que absurdo! Fui uma idiota, me deixei iludir. E agora o que eu faço? Tudo me parece estranho, nojento. O mundo é podre. Eu sei que no momento estou amarga, mas vai passar. E o pior é que ele ficou furioso quando eu disse que ia embora. O que ele queria? Que eu ficasse ouvindo ele me destratar e levar numa boa. Mal sabe ele que o que eu queria mesmo era pisá-lo como pisamos uma barata. Era isso que ele merecia. Agora estou aqui pensando no que fazer com o broche que ele me deu de aniversário de namoro. É lindo! Lindo e caro. Eu não sei se vou devolver. Será que é de bom-tom ficar com presentes recebidos de namorados?
O telefone toca.
— Oi, amor. Eu também te amo.
Ela suspira.
— É claro que te perdoo. Eu também não sei viver sem você.
Sua amiga balança a cabeça e sai da sala, deixando-a com sua tola paixão.
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