O Grupo Matizes Dumont transforma o bordado clássico em arte contemporânea, por meio de uma estética própria, com liberdade e espontaneidade. No grupo a arte ocupa um lugar de encontro, de formação de identidade, de descobertas, ressignificação de valores éticos e estéticos, e seu bordado afetivo tem hoje lugar nas Artes Visuais. A partir de fios, agulhas e linhas, as tessituras se transformam em obras de arte expostas no Brasil e na Europa.
Originário da cidade de Pirapora-MG, o grupo constituiu-se tendo como trama o bordado, onde fazem os matizes, descobrem fios d’água, luzes e formas criativas, contribuindo com inovação nas artes visuais, ilustrações de livros, processos educativos e de desenvolvimento humano.
Uma das principais contribuições do Matizes Dumont para as artes é a inovadora linguagem do bordado empregada de forma livre e espontânea nas artes visuais e nas artes gráficas: são telas, ilustração de livros, ilustração e capas de discos, contando histórias.
As criações desse grupo de artistas são um emocionado registro da vida brasileira, onde a linha da imaginação solta e imprevisível é uma estratégia para o bordado com arte, ousadia, sensibilidade. O conjunto da obra, ao longo de três décadas, revela uma bela conspiração pela natureza, pelas águas, e carrega a emoção da vida brasileira.
Esses artistas refletem sobre o mundo real e imaginário, transformam esse olhar diferenciado em arte, tornando-se assinatura contemporânea na arte de bordar no País. Por meio do ponto a ponto, do entrelaçamento de cores e texturas, desenvolveu a técnica do bordado a fio solto e malabares que possibilita o transbordamento de uma obra que festeja os sentidos.
Os integrantes do Matizes Dumont, Antônia Zulma, Ângela, Demóstenes, Martha, Marilu e Sávia, todos nascidos a beira do rio São Francisco tem a observação da natureza, a poesia, a liberdade como inspiração. Na origem, o grupo bebeu na fonte da cultura popular, inspirando-se no bordado clássico mineiro, abrindo novas possibilidades e novos sentidos para a arte milenar do bordado.
Ao romper com os padrões da técnica tradicional do bordado, o Grupo Matizes Dumont acrescentou a ele outras funções. Nesse caminho de criar e reinventar o bordado livre e espontâneo revela-se como linguagem estética-poético-visual própria.
Áreas de atuação utilizando o bordado como linguagem
Artes visuais
Ilustração de livros
Processos de grupo para:
Desenvolvimento Humano
Mobilização social – Inclusão social- geração de emprego e renda
Educação Ambiental – Projetos de inclusão socioprodutiva e de responsabilidade ambiental por meio da Arte de bordar.
Nas Artes Visuais:
Destaques
2012/2015 – Projeto Coração em Paz – telas bordadas sobre estudos de Portinari para os painéis Guerra e Paz. Dentre os objetivos: contribuir para ampliar o movimento em direção à educação do sensível, para divulgar a
cultura brasileira e da busca da paz, por meio do diálogo entrebordado da obra de Candido Portinari, com o bordado do Grupo Matizes Dumont instigando a ousadia e a criatividade dos visitantes.
As citadas obras foram expostas em três capitais brasileiras: RJ, Brasília e Belo Horizonte.
Espaço da Caixa Cultural do Rio de Janeiro, no período de 20 de dezembro de 2010 a 22 de janeiro de 2011, simultaneamente à exposição dos grandes painéis no Theatro Municipal.
Museu Nacional do Conjunto Cultural da República – Brasília – 28 de junho a 29 de julho de 2012.
Cine Theatro Brasil – Belo Horizonte – Inauguração do Cine Theatro, simultaneamente à exposição dos grandes painéis de Portinari intitulados “Guerra e Paz” no mesmo local – 9 de outubro a 24 de novembro de 2013.
Outros destaques
2009 – Tela Pacha Mama – instalada na Organização Pan-Americana de Saúde- OPAS, em Washington.
2005 – Exposição coletiva no Paço Imperial – RJ – Imagem do Som de Dorival Caymmi. Participação com tela bordada interpretando a canção “O quê que a baiana tem”. A exposição apresentou seleção de obras de 80 artistas contemporâneos que deram forma plástico-visual a 80 composições de Dorival Caymmi em interpretação do universo em torno do compositor. Curadoria Felipe Taborda.
2015 – Exposição coletiva no Paço Imperial – “Maria de Todos nós”, direção geral e expografia de Bia Lessa. A exposição reuniu obras de 160 artistas em homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia
Exposições no Brasil e na Europa por ordem cronológica
Desde o início da década de 1990, o Grupo Matizes Dumont participou com suas obras em exposições no âmbito nacional e internacional. Confira na lista abaixo:
2015 – Exposição Maria de Todos Nós – Exposição comemorativa dos 50 anos de carreira de Maria Bethânia – Paço Imperial – Rio de Janeiro – julho a agosto.
2013 – Belo Horizonte – MG – CORAÇÃO EM PAZ – bordados sobre estudos de Portinari Cine Theatro Brasil – 9 de outubro a 24 de novembro de 2013.
2012 – Brasília – CORAÇÃO EM PAZ – bordados sobre estudos de Portinari. Museu Nacional do Conjunto Cultural da República – 28 de junho a 29 de julho de 2012.
2010: Rio de Janeiro – CORAÇÃO EM PAZ – bordados sobre estudos de Portinari. Caixa Cultural, de dezembro de 2010 a janeiro 2011.
2009 – Brasília – Exposição coletiva Museu Nacional de Brasília – Nem é erudito Nem é popular – Arte e diversidade cultural no Brasil
2007: “Alberto, Sonhos e Alinhavos – a ousadia de ir além do chão” – Comemoração do Centenário do Voo do 14 BIS, com exposições em:
o Paris – Embaixada do Brasil na França
o Rio de Janeiro – Caixa Cultural Sé.
o Brasília – Caixa Cultural – Átrio dos Vitrais
o Belo Horizonte – Biblioteca Pública Estadual
2007 – Lituânia Bienal de Arte de Kaunas
2006: Rio de Janeiro – “A bordar a vida” – Centro Nacional Do Folclore – Museu do Folclore Edison Carneiro
2005:
Fortaleza – “Bordados: família Dumont, uma família bordadeira” Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar
Exposição coletiva no Paço Imperial – RJ – Imagem do Som de Dorival Caymmi.
Rio de Janeiro – Paço Imperial. Exposição IMAGEM DO SOM DE DORIVAL CAYMMI, com tela bordada interpretando a canção “O quê que a baiana tem”. A exposição apresenta obras de 80 artistas contemporâneos, interpretando 80 composições de Dorival Caymmi. Curadoria Felipe Taborda.
Brasília – Gabinete 45 – Retrospectiva
2004: Brasília – Retrospectiva – Caixa Cultural
2003: Brasília – Exposição Águas do São Francisco – Gabinete 45
1999: São Paulo – Exposição melhores capas do ano Livros Águas Emendadas e Amazonas, água, seres, pássaros e milagres
Belo Horizonte – Retrospectiva do bordado Dumont – Centro Cultural do Jambreiro Johanes Dulci
Belo Horizonte – Espaço Cultural do SESC
1998: – ITÁLIA e outros países da Europa: Exposição Itinerante sobre o “Ano do Dragão”, organização do catálogo “Imagens da Fantasia”
1997:
Brasília – Exposição Menino do Rio Doce Foyer Sala Villa Lobos – Teatro Nacional Cláudio Santoro
PARIS – Instituto Charlie Perrout – Mostra de Ilustrações do Salão do Livro – Paris, França.
São Paulo- Exposição Matizes e Águas Emendadas – Bienal do Livro
Brasília – Exposição Matizes e Águas Emendadas – Teatro Nacional Cláudio Santoro – dezembro
Rio de Janeiro – Exposição Amazonas – Jardim Botânico Rio de Janeiro
1996: Brasília – Retrospectiva do bordado da família Diniz Dumont – Espaço Cultural da Agência Centro do Banco do Brasil
1995: Pirapora – Retrospectiva do bordado da família Diniz Dumont Hotel Cariris
1994: Brasília – Exposição Meninas do Vale. Foyer sala Villa Lobos Teatro Nacional Cláudio Santoro
Depoimentos:
“Nada do que fazem é simplesmente “bordado”. Tudo que permeiam é urdido com extremo cuidado, afinco e afeição de artistas que vão até mesmo além da estética da arte. Seus feitos de amoroso pertencimento à beleza como ato do fazer libertador, serão sempre presença em nosso imaginário a nos inspirar além do que nos é mais humano: somos seres que, espirituais, aprendem a arte melhor do sensível de transcender a sombra do feio.
Sábios, nos ensinam a criar espaços de singularidade harmônica, ponto por ponto, linha por linha, paz/ciência mineira para aprender a nos bordar.
Bené Fonteles
“Este grupo de artistas resolveu acrescentar nova função de artes visuais ao bordado antigo, criando uma tapeçaria minimal, com características muito pessoais. Ele repete no bordado as qualidades cromáticas da pintura, a partir da percepção da natureza”.
Maristela Tristão – crítico de arte – BH
Ilustração de livros
Algumas telas foram feitas especialmente para ilustrar a palavra de autores brasileiros – a arte milenar da agulha e linha transformada em nova linguagem gráfica, inovação que chegou em 1988 com o lançamento do livro Rebelião das Raposas. Além de ser a primeira ilustração com bordados que se tem notícias, a publicação ganhou prêmio série Cartilha da Terra, do INCRA.
Realizaram trabalhos de ilustração de livros para algumas das principais Editoras do país como as Editoras Companhia das Letrinhas, Moderna, Salamandra, Record, Dimensão, Revan, Autêntica Editora, Loyola, Global Editora
Ilustraram obras de grandes autores como Jorge Amado, Ziraldo, Manoel de Barros, Thiago de Mello, Rubem Alves, Carlos Rodrigues Brandão, Tetê Catalão, Marina Colasanti, capas para Nilma Lacerda e Inês Teixeira, e também livros de duas das bordadeiras do grupo Ângela e Sávia Dumont.
Premiações
A obra do Matizes Dumont resultou em muitas premiações tais como:
Prêmio Série Cartilhas da Terra – INCRA, 1988 – 1º lugar
Prêmio Jabuti de Ilustração: Câmara Brasileira do Livro
1998 – 1º Prêmio de ilustração – Livro: “A menina a gaiola e a bicicleta/céu de passarinhos”.
000 – 3º Prêmio de Ilustração – Livro: “Exercícios de ser criança”.
Livro: “O Menino do Rio Doce” recebeu as premiações:
Prêmio Revelação de Ilustração – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
Prêmio Bloch de Educação e Cultura
Prêmio Ofélia Fontes – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
Prêmio Melhor Projeto Editorial – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ
Prêmio Categoria Melhor Ilustração – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ
Livro: Amazonas, Águas, Pássaros, Seres e Milagres, de Thiago de Mello, recebeu as premiações:
Prêmio Melhor Projeto Editorial – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil- FNLIJ
Prêmio Adolfo Aizen- União Brasileira de Escritores
Categoria Melhor Projeto Gráfico e Ilustração – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ
Faz parte da Lista de Honra do Organismo Internacional I.B.B.Y que abriga os melhores autores de literatura infanto-juvenil do mundo. Incluído na lista de honra do IBY – International Book for Yang People – Cartagena
Prêmio Melhor Capa do Ano 1997 – Matizes
Recebeu por diversas vezes a láurea “Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infanto-juvenil – F.N.L.I.J. Selo de Altamente Recomendável para as ilustrações de seus livros desde 1997 até 2018
Produções de destaques
O Grupo Matizes Dumont é pioneiro no uso do bordado nas ilustrações de livros. O primeiro livro bordado em todo o mundo é uma criação deste grupo. Ilustrou a palavra de grandes escritores brasileiros, como Jorge Amado, Ziraldo, Marina Colasanti, Thiago de Melo, Rubem Alves, Carlos Brandão, Nilma Lacerda, Tetê Catalão, Luciana Diniz e Inês Teixeira. Ilustrou também livros infantis das escritoras Sávia e Ângela Dumont, integrantes do grupo.
Na música participou de projetos como:
2018 – Ilustrações do CD CINAMOMO – de Sá & Guarabyra – Gravadora “Discobertas” /SP.
2018 – Capa do CD Águas do Cerrado – Grupo FeiJão – Brasília/DF.
2015 – Participação no cenário do show comemorativo dos 50 anos de carreira de Maria Bethânia.
2007 – Ilustrações do CD “Pirata” de Maria Bethânia – Gravadora Biscoito Fino – Prêmio TIM 2007 melhor projeto visual.
2008 – Capa do CD “Cidade e Rio” – de Roberto Mendes – Biscoito Fino
2005 – Ilustração para o livro Imagem do Som de Dorival Caymmi – volume VI –Projeto Imagem do Som. Seleção de 80 composições de Dorival Caymmi interpretadas por 80 artistas contemporâneos – Curadoria Felipe Taborda. Ilustração da música “o que a baiana tem”, página 157. Curadoria Felipe Taborda.
Uso do bordado no desenvolvimento Humano
A obra do Grupo Matizes Dumont tem no processo de construção uma visão social inclusiva. Por meio de oficinas utiliza vivência psicopedagógica própria, chamada (A)Bordar o Ser onde a função terapêutica do bordado possibilita experimentar um entrelace da sensibilidade, da poesia, da história de vida, na criação artística no bordado.
Foi por compreender a vida como um tecido, trama, urdidura e campo a ser bordado que, além de criar obras únicas no campo das Artes Visuais, o grupo escolheu devolver o aprendizado para comunidades com as quais ensina e aprende. Utiliza a linguagem do bordado – os bordados socioambientais – para encantar e mobilizar pessoas para a defesa da vida no planeta, para a inclusão socioprodutiva e o “Bem Viver”.
Centenas de participantes, em mais de três décadas, presentes às oficinas do Grupo Matizes Dumont passaram a atuar com o bordado de diferentes formas, desde a inclusão social até a inserção do bordado nos consultórios de psicologia. Até o momento, aproximadamente 35 mil pessoas integraram esses processos.
Em 2004, o Grupo Matizes Dumont fundou o Instituto de Promoção Cultural Antônia Diniz Dumont (ICAD – Brasil), sediado no município de Pirapora. A proposta é trabalhar as funções social, educativa, psicológica e humanizadora da arte. O ICAD – Brasil foi criado para ser um espaço de compartilhamento de ideias e ações voltadas para a cultura, educação, saúde e meio ambiente e revitalizar antigos ofícios.
Imagens: Divulgação
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