Com potencial para transformar operações e processos industriais, a computação quântica está em crescente desenvolvimento e promete superar as limitações dos computadores clássicos, viabilizando soluções que antes eram inalcançáveis.
À medida que o mundo digital evolui, novas visões e métodos são apresentados no mercado com o objetivo de otimizar processos e alavancar a produtividade. Neste cenário, a computação quântica está emergindo como uma tecnologia com potencial disruptivo, semelhante ao uso da inteligência artificial.
Da mesma maneira que a IA revolucionou diferentes segmentos corporativos, como o setor da saúde e o financeiro, sistemas quânticos prometem impactar áreas como criptografia, química, e simulação de materiais em uma escala sem precedentes. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a computação quântica possui a capacidade de desenvolver cálculos mais ágeis e decifrar códigos, sendo potencialmente eficaz na resolução de problemas complexos, diferente dos computadores clássicos.
Em março de 2024, a Microsoft, em parceria com a Quantinuum, alcançou um marco importante na computação quântica ao desenvolver um sistema que registrou o menor número de erros já vistos. Utilizando a virtualização de qubits, a menor unidade de processamento quântico, em conjunto com o hardware da Quantinuum, a empresa conseguiu rodar 14 mil experimentos quânticos sem falhas, o que representa um avanço significativo na tecnologia, superando as limitações dos qubits físicos, que sofrem com alta instabilidade e erros frequentes.
A estratégia da Microsoft é continuar aprimorando esses sistemas para a criação de um supercomputador híbrido com 100 qubits confiáveis, que, a longo prazo, será adaptado para aplicações comerciais e substituição dos supercomputadores convencionais, possibilitando a transformação de vários setores.
No ano de 2021, pesquisadores da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) fundaram a QuEra, uma startup que desenvolve e comercializa computadores quântico. Com a utilização de átomos neutros, método reconhecido por estudiosos da modalidade quântica, os pesquisadores da QuEra disponibilizam computadores quânticos ao público, através dos serviços oferecidos na nuvem.
Segundo estudos do engenheiro de computação Waldemir Cambiucci, doutorando da Escola Politécnica (Poli) da USP, atualmente, os computadores quânticos disponíveis em nuvem são voltados para experimentos em organizações corporativas, entretanto, estas tecnologias ainda são baseadas em sistemas de processador único, o que não explora a magnitude da mecânica quântica. Essa limitação pode reduzir a capacidade desses dispositivos na resolução de problemas complexos. Cambiucci observa que, apesar do progresso, o lançamento de computadores quânticos no mercado ainda está distante, exigindo pesquisas substanciais para a consolidação dessa tecnologia.
Com o avanço contínuo da tecnologia, pesquisadores buscam soluções para problemas que só a computação quântica pode resolver, superando a eficiência das máquinas clássicas. Executivos, investidores e desenvolvedores de tecnologia estão comprometidos em promover inovações que transcendam o óbvio e resultem em avanços significativos. Deborah Palacios Wanzo, presidente e cofundadora da Tuvis, uma empresa israelense especializada em cibersegurança e conformidade para aplicativos de mensageria como o WhatsApp, enfatiza: “Quando falamos de inovação digital, para que o sistema seja amplamente adotado nos negócios, é essencial desenvolver um software inovador, garantir a segurança e capacitar os profissionais”. A Tuvis desenvolve soluções que previnem o vazamento de dados sensíveis, para a segurança no uso de aplicativos de comunicação, como o WhatsApp, em instituições.
Assim como a implementação de sistemas inteligentes para a otimização de processos é atualmente uma estratégia corporativa essencial, a computação quântica surge como uma tecnologia promissora para o desenvolvimento de diversas indústrias, impulsionando pesquisas robustas e análises aprofundadas em vários campos.
Diante desse cenário emergente, onde a computação quântica ainda está em processo de aprimoramento, Deborah Palacios conclui: “Novas tecnologias necessitam de investimentos contínuos em infraestrutura, pesquisa, desenvolvimento, além de melhorias contínuas, que são cruciais para a adoção da solução, causando impacto no mercado e evidenciando os benefícios da transformação tecnológica”.
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