Há muito a mostrar sobre o Brasil, e o audiovisual é um gênero artístico potente no descortinamento não só de problemas mas também de belezas escondidas. A 3a. Mostra Curta Social CEI Campinas, realizada em 8 e 9 de novembro, foi um desfile dessa potência e revelou quantos talentos precisam ser divulgados e premiados. Os ganhadores da primeira sessão são Capoeira para Todes: aniversário de três anos; Fodac; Mãe D’Água; Nuncamais; e Tudo que Importa. Na segunda sessão, houve até empate entre as produções Abre o Jogo e Tudo ao seu tempo, cujos realizadores decidiram compartilhar o prêmio. Os outros títulos premiados são Entre Campinas e Rios de Sangue, Só Você, Bene o poeta negro e Princípio. Cada equipe recebe R$ 1.300.
A arte que emerge das comunidades, dos coletivos e também do repertório de um cineasta esteve presente nos dois dias da 3a. Mostra Curta Social. Capoeira para Todes fala sobre resistência, superação e quebra de paradigmas para corpos dissidentes. A videodança Mãe D’Água, de Diogo Angeli, reflete sobre as questões políticas e sociais de corpos negros, travestis e não binários. O videoclipe Fodac, de @pac.jpg, mostra o cotidiano do Parque Oziel por meio da música de rappers da comunidade. A ficção Nuncamais, de Roni Sepulveda, é inspirada na obra de Edgar Alian Poe e versa sobre um escritor de suspense atormentado pela própria consciência. O documentário Tudo o que Importa, do Laboratório Cisco, mostra a luta de uma família por uma sociedade que respeite e valorize a diversidade. O videoclipe Abre o Jogo narra o envolvimento entre dois jovens em um baile. Na ficção de Danny Ferlim, Tudo ao seu tempo, uma garota de programa é paga por um cliente para dormir com seu irmão com síndrome de down. Entre Campinas e Rios de Sangue, de Miguel Passará, trata da relação entre uma pessoa negra e uma parda. Em Só Você, uma jovem se envolve num triângulo bissexual. Bene, o poeta negro rememora sua participação no Movimento Negro em Campinas. Princípio, de BS Little, mostra a visão de um rapper sobre sua comunidade.
Também foram exibidos os convidados Me abraça Forte, de Bella Tozini; Além das Conversas, de Maura Âmbar; Balaio, de Gilberto Sobrinho e alunos de Midialogia da Unicamp; e Homens Invisíveis, de Luís Carlos de Alencar.
De acordo com o presidente do CEI e coordenador geral do evento, Leonardo Duart Bastos, a mostra cumpriu a missão de servir de espaço para que os produtores mostrassem seus trabalhos. “A mostra contou com um corpo técnico de curadores de excelência que estiveram a serviço desses produtores que concorreram ao prêmio; muitos deles em sua primeira participação em uma seleção de curtas-metragens.” Bastos acrescenta que a mostra é feita pelos artistas, que confiam, se inscrevem e participam da exibição até mesmo no dia em que não estão concorrendo e que o papel do CEI é se colocar a serviço desses realizadores.
A mostra teve como curadores o professor da Unicamp e cineasta Gilberto Sobrinho e a cineasta Maura Âmbar. A coordenação geral foi de Leonardo Duart Bastos; a direção de produção ficou a cargo de Fábio Cerqueira. Na produção artística, esteve Julyana Troya e, na executiva, Genivaldo Amorim.
Os filmes mostraram que o cinema tem muito a contar a partir do belo artístico, que exige sensibilidade e capacidade técnica na transmissão da mensagem. Quem tem um roteiro em mente já pode se preparar e realizar, pois as mostras de cinema geralmente inscrevem trabalhos finalizados. É importante ler editais e chamamentos para conhecer as características de vídeos exigidas em seleções antes de iniciar a produção ou procurar oportunidades de formação.
Até a próxima e mantenha o radar ligado.
Imagens: Divulgação – Fotos Elaine Âmbar
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