Médicos do Vera Cruz Hospital explicam os benefícios das estratégias alimentares em distúrbios do metabolismo do ferro.
“Não tive sintomas. Descobri que estava com um alto nível de ferritina após um exame de sangue, em que o resultado foi de 1.280 ng/ml, sendo que o adequado para homens é de 30 a 400 ng/ml”, conta o engenheiro Amadeu Gaspar Mendes, de 65 anos. “Uma tomografia detectou que meu fígado estava sobrecarregado e poderia desenvolver uma cirrose, e um exame mais específico constatou a mutação da hemocromatose hereditária, uma condição da doença. Portanto, teria que conviver e fazer exames periódicos de sangue e, consequentemente, procedimentos de sangria”, relata.
Vinicius Martins Nascimento, hematologista do Vera Cruz Hospital, explica que o aumento da ferritina sérica, ou hiperferritinemia, é uma das causas mais comuns de procura ao consultório do hematologista. “As razões variam amplamente, podendo estar relacionadas a doenças metabólicas e/ou inflamatórias, consumo crônico de álcool, doenças hepáticas e neoplasias. A Síndrome Metabólica, conjunto de doenças como Obesidade, Dislipidemia e Diabetes, entre outras, pode favorecer a elevação da ferritina. Em alguns casos mais raros, a depender dos exames de investigação inicial, pode haver também doenças genéticas que predispõem ao acúmulo de ferro no organismo, elevando também os níveis de ferritina, a chamada Hemocromatose Hereditária”, explica.
O tratamento varia conforme a causa. Desde mudança do estilo de vida, exercício físico e alimentação, até, em casos selecionados, à chamada sangria terapêutica (retirada de quantidade de sangue preestabelecida para reduzir os níveis de ferro). A alimentação e dieta adequadas, sempre que possível orientada por um nutricionista experiente, pode ajudar a reduzir os níveis de ferritina, tanto por diminuir a absorção de ferro quanto por poder melhorar o depósito de gordura no fígado, grande responsável pelo aumento da ferritina. A nutricionista Ligia Vieira Carlos, do Vera Cruz Oncologia, explica que, no caso do paciente, essas medidas nutricionais foram fundamentais para auxiliar a queda significativa dos índices de ferritina, proporcionando melhora do quadro do paciente.
Segundo a especialista, o ferro utilizado pelo organismo é obtido de duas fontes principais: da dieta e da reciclagem de hemácias senescentes. Uma dieta convencional contém de 13 a 18 mg de ferro, dos quais somente 1 a 2 mg serão absorvidos na forma inorgânica ou na forma heme. “Algumas técnicas podem ser associadas durante o tratamento. Em casos selecionados, a terapia de quelante de ferro pode ser de grande auxílio. Uma estratégia nutricional associada ao acompanhamento médico para reduzir os níveis elevados de ferro pode ser a utilização de fitoterápicos, como o chá verde, rica fonte de catequinas”.
A nutricionista esclarece ainda que as dietas são calculadas de forma individualizada, embasadas no histórico, diagnóstico patológico, exames bioquímicos e preferências alimentares do paciente. “Em casos de níveis elevados de ferritina, deve-se evitar ou ajustar o consumo excessivo de alimentos ricos em ferro (fígado, carnes vermelhas, miúdos de galinha) e dos potentes em vitamina C somado aos alimentos ricos em ferro de origem vegetal: feijão, abóbora, beterraba, alimentos verde-escuros etc. É preciso, ainda, controlar o peso corporal, a glicemia, o colesterol, iniciar atividade física e, sob orientação, beber chás preto e verde e café após as principais refeições que contenham ferro, com intuito de auxiliar a reduzir a absorção dele”, esclarece.
Mendes diz não sentir falta do que não deve consumir e que, mesmo afetando a rotina familiar, é fácil seguir a dieta. “É bacana quando as pessoas entendem a importância que essa mudança tem na nossa vida. Por exemplo, é recomendado tomar café ou chá verde logo após as refeições para auxiliar a reduzir a absorção do ferro, e, quando vou almoçar ou jantar em casa de amigos que sabem da dieta, eles sempre fazem café após as refeições”.
A melhora do quadro, associada à redução do nível de ferritina obtido na fase de indução das sangrias, possibilitou que o engenheiro pudesse diminuir o número delas com o passar do tempo. “Faço exames de sangue a cada quatro meses, e o nível da ferritina tem se mantido estável com leve crescimento, mas muito menor se não fosse o controle pela dieta, três vezes menos. A diminuição da sangria foi bem significativa: antes era quatro a cada seis meses e hoje, quatro a cada dois anos”, conta.
Exemplos como o do engenheiro chamam a atenção nesta quinta-feira (31), Dia da Saúde e da Nutrição, e mostram a importância de aplicar as práticas nutricionais de forma individualizada para cada paciente. Na visão da nutricionista, a alimentação é fundamental para a prevenção de doenças e o bem-estar de forma geral. “Uma alimentação balanceada, a prática de atividade física e o acompanhamento regular médico auxiliam na prevenção e combate precoce de algumas doenças. É importante que as pessoas entendam que somos resultado daquilo que comemos, absorvemos e excretamos. Adotar melhores hábitos é fundamental para longevidade com qualidade de vida”, reforça Ligia.
Sobre o Vera Cruz Hospital
Em 78 anos de existência, o Hospital Vera Cruz é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. O Vera Cruz dispõe de 167 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade. A Instituição conta também com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Câmara Hiperbárica Monoplace, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em quatro anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 30 anos, o Vera Cruz inaugurou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association.
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