Educação

Segurança alimentar e sustentabilidade: desafios e soluções para o futuro

Garantir a produção de alimentos para o futuro depende de uma combinação de inovação tecnológica, práticas agrícolas sustentáveis e políticas públicas eficazes.

Ao longo do processo de desenvolvimento histórico, em um planeta em constante crescimento populacional, a segurança alimentar tornou-se um dos grandes desafios do século XXI. Nos últimos anos, as mudanças climáticas, além de alterar a percepção do clima e do tempo em muitas regiões do globo, também trouxeram consigo impactos significativos na segurança alimentar, afetando tanto o processo produtivo de alimentos quanto a sua distribuição.

Um estudo do professor Marcos Jank sobre a relação entre fome, comércio, má nutrição e segurança alimentar, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), mostrou que a insegurança alimentar atinge, considerando a escala global, 30% da população.

No continente africano, por exemplo, tem-se uma insegurança alimentar de 61%; na América Latina, de 38%; na Ásia, de 24%; e na América do Norte e na Europa, de 8%. É importante considerar em relação a esses dados a quantidade populacional e a extensão territorial, tendo em vista que, por exemplo, existem mais pessoas no continente africano do que na Europa, enquanto as extensões de terras também são maiores no primeiro em relação ao segundo.

No território brasileiro, a insegurança alimentar atinge, ainda em conformidade com o estudo, 9,6% da população, ou seja, 20,6 milhões de pessoas. Além disso, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostram que 64,2 milhões de brasileiros vivem com algum tipo de insegurança alimentar.

Considerando essa problemática, aprovou-se o III Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Plansan) 2025-2027, um instrumento da política brasileira de segurança alimentar e nutricional, visando retirar o Brasil do Mapa da Fome até 2026. O documento conta com 18 estratégias intersetoriais e 2.019 iniciativas voltadas a garantir a segurança alimentar e nutricional da população.

Como aumentar a produtividade e garantir a segurança alimentar sem afetar a natureza?

No Brasil, o agronegócio é responsável por uma grande extensão de terras voltadas à produção de alimentos. Nesse sentido, inevitavelmente, o setor perpassa a batalha contra a insegurança alimentar.

No entanto, aumentar somente a produtividade não é a melhor decisão, tendo em vista que o processo produtivo necessita de maior contingente de insumos e, consequentemente, por relação de causa e efeito, proporcionaria maiores impactos em relação tanto ao solo, no uso e no manejo, quanto a própria natureza em sua totalidade (corpos d’água, vegetação, etc.).

No ambiente acadêmico, o debate sobre a segurança alimentar no Brasil dialoga diretamente com o conceito de práticas agroecológicas e agricultura sustentável, como agricultura de conservação. Essas práticas incluem o uso de rotações de culturas que incorporam gramíneas ou feno com culturas anuais, visando reduzir a erosão do solo e melhorar a qualidade da terra.

A agricultura sustentável baseia-se em uma tríade: a saúde ambiental, a rentabilidade econômica e a equidade social. Isso significa, portanto, manter práticas agrícolas que deixem o solo saudável, conservem os copos hídricos e reduzam a necessidade da utilização de insumos químicos, além de investir na biodiversidade dos cultivares, e não somente nas monoculturas.

No fim, a segurança alimentar e a produção ecologicamente sustentável é algo que demanda tempo e investimento, tanto do setor público quanto privado. Profissionais formados em engenharia agronômica, por exemplo, têm muito a contribuir para a discussão no campo teórico e para a implementação de técnicas regenerativas tanto das culturas cultivadas quanto do solo no campo prático.

A relação entre ser humano e natureza que se constitui atualmente a partir da agricultura necessita de transformações. Desse modo, a abordagem integrada de práticas agroecológicas é essencial para garantir um futuro sustentável e seguro para todos em curto e longo prazo.

Imagem: Divulgação

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