Editoria: Geociências | Carmen Nery | Arte: Brisa Gil
Entre 2008 e 2018, o Brasil formou três novas metrópoles e 32 cidades foram elevadas a capitais regionais em 12 estados. Apesar disso, é baixa a mobilidade na rede urbana brasileira, pois, nesse período de dez anos, 86% das cidades não sofreram alteração. É o que revela a pesquisa Regiões de Influência das Cidades – Regic, divulgada ontem(25) pelo IBGE. A pesquisa é realizada a cada dez anos e visa a identificar e analisar a rede urbana brasileira, estabelecendo a hierarquia dos centros urbanos e as regiões de influência das cidades.
Campinas, Florianópolis e Vitória subiram de nível e passaram a integrar o grupo de 15 metrópoles, que tem São Paulo no topo da hierarquia como grande metrópole nacional e Rio de Janeiro e Brasília como metrópoles nacionais. As outras metrópoles são Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Salvador e Manaus.
“O conceito de metrópole do estudo é diferente do de regiões metropolitanas, que são recortes legais definidos pelos estados para fins de planejamento. A pesquisa delimita as regiões de influência associadas aos centros urbanos e os vínculos estabelecidos entre as cidades na busca de bens e serviços. O elo final de cada rede são as metrópoles, para onde convergem as vinculações de todas as cidades presentes no território nacional”, esclarece Bruno Hidalgo, gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE.
Devido ao grande dinamismo empresarial, Campinas vira única metrópole que não é capital
Campinas é a única metrópole que não é capital estadual, e isso ocorre devido ao alto dinamismo empresarial existente tanto no núcleo quanto na área de influência, bem como ao porte demográfico, cuja rede ultrapassa os 4 milhões de habitantes. Tem a menor extensão territorial dentre as metrópoles (14 mil km²), menor número de cidades na sua rede (34) e a segunda mais alta densidade demográfica, comparável à do Rio de Janeiro, com 312 hab./km.
Florianópolis se insere em um contexto estadual específico com capitais regionais com grande dinamismo econômico, como por exemplo Chapecó, Criciúma, Joinville, Itajaí e Balneário Camboriú. Isso faz com que a participação da renda produzida por Florianópolis represente apenas 14,1% do PIB produzido por toda sua região de influência, revelando uma melhor distribuição territorial da geração de riqueza. É a quarta menor metrópole com menos de 100 mil km² e tem 265 cidades na sua rede.
A rede de Vitória tem a segunda menor área entre as metrópoles, superior apenas à de Campinas, com população equivalente à dessa metrópole e a de Manaus. Soma 85 cidades, com destaque para a capital regional Cachoeiro de Itapemirim (ES), centros sub-regionais de Colatina (ES) e Teixeira de Freitas (BA), a partir do qual estende sua influência para a Bahia. Metade do PIB produzido pela região de influência de Vitória ocorre na capital.
São Paulo está no topo da hierarquia urbana, seguido por Brasília e Rio de janeiro que dividem a segunda posição
As metrópoles se subdividem em três níveis. São Paulo é a grande metrópole nacional ocupando, isoladamente, a posição de maior hierarquia urbana do país com uma rede de influência que concentra 49 milhões de habitantes em 2018 e mais de R$ 2 trilhões anuais de PIB, o que corresponde a 23,6% da população e 33,3% da renda total do país.
O alcance da influência direta de São Paulo ultrapassa o próprio estado, atingindo Mato Grosso do Sul, algumas cidades do norte paranaense, parte do sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro, onde divide influência com Belo Horizonte. Mesmo com extensão de 690 mil km2, a densidade demográfica da região de influência de São Paulo é a quarta maior, com 72 hab./km².
A segunda posição hierárquica é de metrópole nacional, ocupada apenas por Brasília e Rio de Janeiro. A rede de Brasília chama a atenção por sua extensão, que corresponde a mais de 20% do território nacional. Abrange 1,8 milhão km², sendo a maior do país em área, com 277 Cidades pertencentes a 10 Estados. Por conta da grande extensão, a densidade demográfica é baixa, com menos de 7 hab./km². O PIB per capita é o terceiro maior do país, somando quase R$ 458 bilhões ou R$ 40 mil anuais por habitante.
A rede da metrópole do Rio de Janeiro se destaca pela elevada densidade demográfica (354,5 hab./ km²), devido ao fato de ser a segunda maior cidade do país em termos de volume populacional, porém ocupando uma área territorial pouco significativa. Tem a segunda menor área (49 mil km²), com alcance mais restrito ao próprio Estado, adentrando em parte da Zona da Mata Mineira.
Possui o segundo menor número de cidades em sua rede no Brasil (63 centros urbanos) e o segundo maior PIB do país em termos absolutos, correspondendo a mais de R$ 640 bilhões anuais. Com o porte urbano que tem, aparentemente, incompatível com o tamanho de sua rede urbana, faz com que haja uma significativa concentração de riquezas na capital.
Regic mostra a concentração da rede urbana no Sudeste
A pesquisa atual dá continuidade aos trabalhos anteriores publicados em 1972, 1987, 2000 e 2008. As cidades brasileiras foram classificadas, hierarquicamente, observando-se dez critérios: Gestão do território, Comércio e serviços, Instituições financeiras, Ensino superior, Saúde, Informação, Cultura e esporte, Transporte, Atividades agropecuárias; e Ligações internacionais.
A Regic 2018 mostra que cada metrópole tem sua região de influência que, em conjunto, cobre todo o país. A hierarquia dos centros urbano foi dividida em cinco níveis. Para as 15 metrópoles convergem 97 capitais regionais, 352 centros sub-regionais, 398 centros de zona e 4.037 centros locais.
A maior parte das metrópoles encontra-se na região Sudeste, bem como os dois níveis seguintes (capitais regionais e centros sub-regionais). Já os centros de zona e centros locais são mais numerosos na região Nordeste. As capitais regionais são centros urbanos com alta concentração de atividades de gestão, mas com alcance menor em termos de região de influência em comparação com as metrópoles.
Imagens: Divulgação – foto abertura, cidade de Campinas, SP. Foto Gilson Machado, Prefeitura de Campinas.
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Imagem: Divulgação – Com capitais regionais de grande dinamismo econômico, Florianópolis(SC) representa apenas 14,1% do PIB produzido por toda sua região de influência – Foto Prefeitura de Florianópolis.
Imagem: Divulgação – Vitória, ES. Foto Prefeitura de Vitória.