Hoje, 5 de maio, a binacional comemora a entrada em operação da primeira unidade geradora, em 1984.
A entrada em operação da primeira unidade geradora da usina de Itaipu (conhecida como giro comercial, no jargão técnico) colocava em prática um empreendimento ambicioso que mudaria a história da engenharia do Brasil e do Paraguai no cenário mundial. Foi no dia 5 de maio de 1984, data que se tornaria simbólica para brasileiros e paraguaios.
O acontecimento foi restrito a um grupo de convidados, mas o feito daquele dia logo ganharia a proporção que o evento merecia, pela importância e curiosidade. A maior usina do mundo em tamanho – até então – começava a operar. O sonho se concretizava.
À época, o gerente de Operação, José Pereira do Nascimento, foi quem conferiu o sincronismo da máquina, acompanhado de personagens históricos da empresa, como os ex-diretores-gerais brasileiro (José Costa Cavalcanti) e paraguaio (Enzo Debernardi).
Naquele momento, com o fim dos testes de comissionamento, Itaipu entregava energia somente para o mercado paraguaio. No Brasil, não havia ainda linha de transmissão para receber a eletricidade da binacional. A venda de energia aos dois países teve início, para valer, em 1º de março de 1985.
Inauguração oficial
Já cinco meses depois do primeiro giro comercial, no dia 25 de outubro, o acontecimento ganhava proporção à altura do fato. O mundo acompanhava, por meio de canais de TVs, emissoras de rádio e jornais as informações e imagens da inauguração oficial da usina, pelos presidentes João Figueiredo, do Brasil, e Alfredo Stroessner, do Paraguai.
Começava ali o protagonismo da epopeia chamada Itaipu, que, ao longo dos anos, se tornaria a maior hidrelétrica em geração de eletricidade e encheria de orgulho brasileiros e paraguaios.
Superação
Fazendo uma retrospectiva histórica, o atual diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, acredita que o sucesso do empreendimento “só foi possível graças aos esforços dos povos brasileiro e paraguaio”.Segundo Silva e Luna, desde o início o Brasil e o Paraguai estiveram unidos em um único propósito, “o de superar barreiras e erguer no Rio Paraná uma usina que transformaria energia em desenvolvimento para brasileiros e paraguaios”.
Maior do mundo em geração
Mesmo depois da conclusão da usina chinesa de Três Gargantas, em 2012, com potência instalada de 22,4 mil megawatts ante os 14 mil MW de Itaipu, a usina brasileiro-paraguaia mantém o título de maior produtora de energia do mundo, com o recorde anual de 103,1 milhões de MWh, registrado em 2016. A maior produção da usina chinesa foi de 101 milhões de MWh, em 2018.
No acumulado, a soma de toda energia produzida por Itaipu é imbatível: são mais de 2,63 bilhões de MWh. Essa energia seria suficiente para atender por 42 dias a toda a demanda do planeta com eletricidade limpa, renovável e de menor custo que a maioria das fontes disponíveis.
No mercado
O ápice da participação de Itaipu no mercado brasileiro de eletricidade foi alcançado em 1997, com o atendimento de 26% da demanda do setor no País.
Com a entrada de novos empreendimentos no sistema e o aumento progressivo do consumo de eletricidade, essa proporção foi diminuindo aos poucos. Nos últimos anos, ela tem se mantido relativamente estável. Em 2018, a hidrelétrica foi responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 90% do consumo do Paraguai.
Dança das águas
Para manter a sustentabilidade operacional, a Itaipu se baseia num princípio operacional chamado de “dança das águas”, que é a sincronização das atividades binacionais de engenharia, obras, montagens, manutenção e operação às condições hidrológicas. O trabalho é coordenado pela própria Itaipu e envolve também alguns parceiros estratégicos, como o Operador Nacional do Sistema (ONS), Furnas, Eletrosul e a estatal paraguaia Ande.
Para o diretor-geral brasileiro, o comprometimento da equipe, do time Itaipu, é um dos componentes mais importantes nesse processo. “Itaipu é um desafio de todos os dias. Precisamos trabalhar para manter o que é bom e melhorar o que for plausível. Sem o esforço de cada um dos servidores da casa isso não seria possível.”
Atualização tecnológica
Para os próximos anos, novos desafios apontam no horizonte, entre eles, colocar em prática a atualização tecnológica da usina, uma atividade complexa e desafiadora, que tem exigido um acompanhamento estratégico de diretores e conselheiros da empresa.
A modernização vai permitir a sustentabilidade necessária para que Itaipu continue produzindo em patamares similares aos de hoje, com reflexos na economia dos dois países sócios do empreendimento.
Produção parcial de Itaipu em 2019 se aproxima à de Tucuruí em todo o ano de 2018
De janeiro até o final de abril de 2019, a usina de Itaipu já produziu 28,7 milhões de megawatts-hora (MWh). Esse volume só é menor que o total anual de Tucuruí (a maior usina 100% brasileira) que foi de 31.254.191 MWh em 2018. Essa quantidade também é bem superior à geração anual de Belo Monte (18,3 milhões de MWh) e de Santo Antônio (17,4 milhões de MWh).
A produção de Itaipu representa mais do que o dobro da produção da usina nuclear Angra 2, que foi de 10,7 milhões e quase se iguala à geração somada de 2018 em três usinas do Rio Paraná: Ilha Solteira (12,6 milhões de MWh), Jupiá (7,5 milhões de MWh) e Porto Primavera (8,8 milhões de MWh). Juntas, elas geraram 28,9 milhões de MWh.
Outro dado bastante importante é o da produtividade medida pelo Fator de Capacidade Operativa (FCO) – o índice, que afere o percentual da quantidade de água que chegou na usina e que efetivamente gerou energia – está em 99,9% em 2019.
Já a disponibilidade das máquinas para geração está em 97,27% neste ano, enquanto a indisponibilidade forçada dos geradores (devido à falha de equipamentos ou humana) nesses quatro primeiros meses do ano foi de apenas 0,11%, índice considerado excelente pela Área Técnica.
Só a produção parcial de 2019 de Itaipu (janeiro, fevereiro, março e abril) atenderia por 21 meses do consumo de eletricidade do Paraguai ou da cidade de São Paulo por um ano.
Imagens: Divulgação