Arquitetura

Arquitetura: grifes investem em experiência além das compras

Profissionais criam espaços comerciais visando a experiência do cliente, além da oferta dos produtos.

Por conta da pandemia da Covid-19, os longos meses dentro de casa fizeram as pessoas olharem de outra maneira para suas vidas, mas com a vacina e volta à vida ao novo normal, muitos comércios sentiram a necessidade de se adaptarem por meio do design e da arquitetura para entregar algo diferenciado, uma experiência única a cada comprador, quando ele saísse de casa.

Segundo um estudo feito pela Archademy, startup brasileira que oferece soluções para profissionais da área, entre 2020 e 2021 houve um aumento na procura por projetos, baseado em um levantamento em que cerca de 900 profissionais foram entrevistados.

Muitas empresas buscaram um olhar para o novo, muito além de compras, e se uniram com a intenção de vender uma experiência única. “Esses projetos precisam de muita pesquisa para criar uma ligação entre a loja e o produto. Algumas marcas, como a Alme, pertencente ao grupo Arezzo & CO, trazem informações sobre a sustentabilidade dos produtos. O consumidor sabe como a matéria-prima daquele tênis que ele está comprando, por exemplo, foi extraída, e como ele foi confeccionado. Várias marcas também têm se preocupado com um espaço para o cliente descartar produtos que não utiliza mais”, explica Liana Tessler, arquiteta.

“A maior dificuldade foi o período de lojas fechadas. Então criamos mecanismos para desenvolver a venda remota. O resultado foi surpreendente, a omnicanalidade é uma realidade, e aqui na Arezzo trabalhamos sem parar para aprimorar e evoluir a experiência da cliente, para encantá-la”, contou o empresário Alexandre Birman, CEO e CCO do grupo Arezzo & Co, em uma entrevista.

Apesar do crescimento, os consumidores surgem com desejos além da estética, e aspiram por espaços que ofereçam um diferencial, que imprimam personalidade, estilo de vida, sejam adaptáveis e funcionais.

Segundo uma pesquisa feita pela Consumers in Motion Group, com base nos feedbacks de compradores e varejistas sobre ações que influenciam diretamente as vendas e o engajamento de consumidores, foram identificados oito fatores, que quando combinados, elevavam o desempenho das empresas, dentre eles estão o design do espaço, o uso da tecnologia e o serviço diferenciado.

“Existem estabelecimentos que foram desenhados para criar uma conexão com o consumidor, colocando itens de decoração raros, como livros, baús, motocicletas e pranchas de surf, ou ainda incrementando a experiência do cliente com um bar dentro da loja, por exemplo”, comenta a arquiteta, que acrescenta que percebeu um aumento da preocupação das lojas com a experiência do cliente no ambiente agora em 2020.

Essas experiências também estão na área de serviços. Muitos estabelecimentos buscam inspirações em locais consagrados, como a Galeria dos Espelhos do Castelo de Versalhes. Em São Paulo, há um projeto para renovar a área de uma clínica com ares palacianos como referências ao palácio original, teto com imagens de Versalhes, os espelhos em arco e os lustres de cristal. “As cadeiras, por exemplo, são do estilo Luís XV e foram escolhidas para se harmonizarem com a arquitetura”, explica Rodolfo Paes, CEO da Clínica Mais Excelência Médica.

Para Liana Tessler, 2022 está sendo um período de muitas oportunidades, e quem quiser se destacar na área vai precisar pensar fora da caixa. “As pessoas estão ansiosas para retomarem 100% suas vidas normais, mas elas não querem mais do mesmo, os projetos precisam oferecer um olhar para o novo, onde a autenticidade e a inovação caminhem juntas”, conclui.

Imagens: Divulgação – Foto abertura Varejo Schutz

Mais em: Liana Tessler e DINO

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