A exposição bienal do MAM São Paulo será exibida no Sesc Campinas de 25 de abril a 31 de agosto. Para a itinerância, a curadaria, assinada por Germano Dushá e Thiago de Paula Souza, com curada-adjunta de Ariana Nuala, obras selecionadas de 22 artistas.
O 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus , realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo , será exibido no Sesc Campinas a partir de 25 de abril e ficará em cartaz até 31 de agosto de 2025. A mostra reúne obras de 22 artistas que integraram a edição bienal do Panorama no MAM , sendo remunerados para o galpão do Sesc Campinas. Com uma grande amplitude geracional e artistas de diversos lugares do Brasil, a exposição reúne obras em diferentes mídias que, em comum, reúnem um elevado índice energético e abordagem, por múltiplas perspectivas, processos de transformação.
A itinerância ocorre por meio da parceria institucional entre o MAM e o Sesc São Paulo, consolidando-se como uma estratégia para ampliar o alcance da exposição e possibilitar que novos públicos tenham acesso à discussão das propostas dos curadores Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala.
Esta é a segunda edição do Panorama da Arte Brasileira do MAM que percorrerá uma unidade do Sesc, reforçando o compromisso das instituições em expandir o diálogo sobre arte contemporânea para diferentes territórios.
Para o diretor regional do Sesc São Paulo, Luiz Galina , “a partir da parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo trazos a itinerância do Panorama da Arte Brasileira para o Sesc Campinas e, assim, reafirmamos nosso compromisso com a ampliação do acesso à exposição à arte e à cultura. educativo e de frutificação, onde diferentes sensibilidades e percepções podem se encontrar e se transformar”.
“É uma felicidade para o MAM manter essa parceria com o Sesc e itinerar mais uma edição do Panorama. Essa colaboração fortalece nosso compromisso de ampliar o alcance da arte contemporânea brasileira e criar novas oportunidades de troca entre artistas, instituições e comunidades”, afirma Elizabeth Machado , presidente do MAM São Paulo.
A proposta curatorial do 38º Panorama da Arte Brasileira é elaborar criticamente a realidade atual do Brasil sob a noção de calor-limite — conceito que alude a uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética.
A pesquisa curatorial foi norteada por cinco eixos temáticos: Ecologia Geral , Territórios Originários , Chumbo Tropical , Corpo-Aparelhagem e Transes e Travessias . Os eixos não funcionam como núcleos ou segmentos da exposição, mas sim como fios condutores que instigam reflexões e leituras, traçando possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.
Em Ecologia Geral , são destacadas noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas, orientadas para uma visão de interconectividade total. Já em Territórios Originários , estão narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital, capazes de reflexões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Chumbo Tropical , por sua vez, traz leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil, colocando em xeque aspectos centrais da identidade nacional.
Corpo-Aparelhagem é a linha que busca evidenciar disciplinas experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações, enquanto Transes e Travessias abordam conhecimentos transcendentais, práticas experimentais e experiências extáticas que canalizam os mistérios necessários.
Assim como ocorreu no MAC USP , a mostra foi pensada de acordo com o espaço, atenta às suas qualidades físicas e buscando uma espécie de simbiose, para que as obras possam se integrar ao ambiente. A equipe curatorial explica que “o projeto cria uma experiência imersiva e coesa, com instalações e móveis repensados especificamente para o campo expositivo, além de uma nova obra site-specific : um grande painel de Paulo Nimer Pjota, pintado diretamente na parede do espaço. Algumas das obras de maior escala e que envolvem experimentações com novas tecnologias — que marcaram a mostra original — também apresentam presentes, como Cabeça d’água , de Adriano Amaral, e Baile do terror , de Gabriel Massan.”
Com a itinerância do 38º Panorama , a curadoria buscou preservar as questões conceituais e formais que fundamentaram Mil Graus , mas aproveitou a oportunidade para criar uma nova experiência, com novos fôlegos e frescor, que repensa tanto os modos de apresentação das obras quanto propõem diálogos inéditos entre os artistas. Nesse sentido, a itinerância no Sesc contribui ativamente para desenvolver os conceitos, ampliar as relações entre os artistas e as obras, e criar novas imagens dessa edição do Panorama.
Artistas
Para a itinerância, foram selecionadas obras de 22 artistas e coletivos dos 34 que participaram da exposição entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. São obras que apresentam pesquisas ligadas a questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e específicas, utilizando tanta tecnologia avançada quanto materiais orgânicos, como o barro.
Adriano Amaral (SP) | Marcus Deusdedit (MG) |
Advânio Lessa (MG) | Maria Lira Marques (MG) |
Ana Clara Tito (RJ) | Marina Woisky (SP) |
Dona Romana (TO) | Melissa de Oliveira (RJ) |
Frederico Filippi (SP) | Mestre Nado (PE) |
Gabriel Massan (RJ) | Noara Quintana (SC) |
Ivan Campos (AC) | Paulo Nimer Pjota (SP) |
Jonas Van (CE) e Juno B. (CE) | Paulo Pires (MT) |
Labö (PA) e Rafaela Kennedy (AM) | Rebeca Carapiá (BA) |
Lucas Arruda (SP) | Solange Pessoa (MG) |
Zahỳ Tentehar (MA) | Zimar (MA) |
Projetos Especiais
A proposta da curadoria do 38º Panorama da Arte Brasileira envolve uma série de projetos especiais, desdobramentos da concepção de Mil Graus em diferentes plataformas e linguagens. O ambiente 3D, um espaço imaginado pelos curadores, visa ampliar o alcance da mostra e criar um espaço de experimentação curatorial. A ideia não é reproduzir no digital os espaços da exposição física, mas sim criar um espaço imaginado pelos curadores, proporcionando uma experiência imersiva que desafia a percepção da materialidade e reflete criticamente sobre a integração das infraestruturas digitais no que entendemos como “mundo real”.
Composta por obras digitais e representações tridimensionais de criações físicas de alguns dos artistas participantes, a instalação reúne vídeos, objetos 3D e filhos, formando um espaço de interação. Os visitantes navegam livremente, explorando novos imaginários e conexões que questionam as convenções tradicionais de produção e interpretação de imagens no campo artístico. A proposta também reflete o dinamismo e a criatividade cibernética do Brasil contemporâneo.
Disponível nos principais tocadores de áudio, o podcast Mil Graus apresenta, em seis episódios, os temas envolvidos no 38º Panorama da Arte Brasileira e conta a história de alguns dos coletivos e artistas que integram esta edição da mostra bienal do MAM: território indígena Akroá Gamella, Dona Romana, Joseca Yanomami, MEXA e a Tropa do Gurilouko, além de uma introdução a esta edição da mostra e uma viagem pela história dos Panoramas. Narrado pela jornalista Adriana Couto, o podcast traz histórias e discussões sobre arte com temas atuais, mostrando como elas refletem questões sociais, políticas e culturais da contemporaneidade.
Em uma série de cinco episódios disponíveis no Instagram e no YouTube do MAM, o público poderá conhecer mais sobre a prática artística e o ateliê de Advânio Lessa, Adriano Amaral, Marina Woisky, Marlene Almeida e Zimar. Uma série revela conexões singulares entre os processos e os territórios em que cada um dos artistas vive e trabalha.
Em uma colaboração inédita com uma marca, o MAM lançou uma linha de produtos do 38º Panorama, disponível nos e-commerces do museu e da Hang Loose.
Acessibilidade e Ações Educativas
Como parte do compromisso com a democratização do acesso à arte e à cultura, a itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM no Sesc Campinas contará com uma programação educativa e acessível, voltada para diversos públicos. Serão realizadas visitas mediadas, workshops e outras atividades que promovem o diálogo com as obras e artistas da exposição, incentivando reflexões críticas e novas leituras sobre os temas envolvidos. Além disso, ações de acessibilidade, como materiais táteis e recursos voltados para pessoas com deficiência, buscarão ampliar a experiência de frutificação e garantir que mais visitantes possam se conectar com uma mostra de maneira significativa.
Sobre o Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo
A série de mostras Panorama da Arte Brasileira foi iniciada em 1969 e coincidiu com a instalação do MAM São Paulo em sua sede na marquise do Parque do Ibirapuera. As primeiras edições do Panorama marcaram a história do museu por terem contribuído direta e efetivamente para a formação de seu acervo de arte contemporânea. Ao longo das 37 mostras já realizadas, o Panorama do MAM buscou definir diálogos produtivos com diferentes noções sobre a produção artística brasileira, nossa história, cultura e sociedade. Realizado a cada dois anos, o Panorama sempre propõe novas reflexões sobre os debates mais urgentes da contemporaneidade brasileira.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção contém mais de cinco mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto a exposição privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos da marca MAM. Os espaços do museu integram-se visualmente ao Jardim de Esculturas, projetados por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Sobre o Sesc São Paulo
Com mais de 78 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 43 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações para promover o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, além de toda a sociedade. Mantido por empresas do setor, o Sesc é uma entidade privada que atende cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais das áreas de artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Para mais informações, acesse o portal: sescsp.org.br.
Serviço:
Itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus
Curadoria: Germano Dushá, Thiago de Paula Souza
Curadoria-adjunta: Ariana Nuala
Abertura: 24 de abril, quinta-feira, às 19h
Período expositivo: 25 de abril a 31 de agosto de 2025
Realização: Museu de Arte Moderna de São Paulo e Sesc São Paulo
Local: Sesc Campinas
Endereço: Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim, Campinas
Funcionamento: terça a sexta, das 9h30 às 21h30, e aos finais da semana, das 10h às 18h
Gratuito
Imagens: Divulgação – Fotos Angèle Berdat, feitas na abertura.
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