Curso é GRATUITO e tem alunos espalhados por todo Brasil.
Enquanto a maior parte das escolas brasileiras teve as atividades suspensas ou reduzidas devido ao novo coronavírus, o projeto “Enxergando o futuro”, que alfabetiza deficientes visuais pela plataforma on-line, deslanchou.
O curso, que é GRATUITO, saltou de 10 alunos, que tinham aulas presenciais, em Duartina (SP), interior de São Paulo, para mais de 160 espalhados por várias localidades do país. Agora, as aulas também chegaram até alunos de Portugal.
Daniela Reis Frontera, 48 anos, é a idealizadora do projeto e uma entusiasta do Braille como ferramenta para transformar a vida de deficientes visuais. Atualmente, ela tem 20% de visão.
Aos 23 anos, foi diagnosticada com uma doença degenerativa nos olhos, conhecida como retinose pigmentar. Sem cura e sem tratamento, sua condição visual se agravou ao longo dos anos e ao ponto de a impedir de dirigir e ler sem ampliação. Agora, quer levar o curso gratuito ao maior número de pessoas.
Pandemia
As aulas do projeto “Enxergando o Futuro”, que antes da pandemia eram presenciais, começaram na prática em novembro do ano passado, na sede da Assistência Social de Duartina, cidade com menos de 13 mil habitantes, no interior de São Paulo. No início da quarentena, as atividades tiveram que ser suspensas. Em busca de uma solução que fosse capaz de dar continuidade ao ensino, Daniela se uniu ao amigo Ricardo Barreiros e à sua professora, especialista em deficiência visual e madrinha técnica do projeto, Grasiele de Moraes.
Juntos, eles lançaram uma plataforma digital que possibilita ao interessado acessar o treinamento e material educativo, assim como receber orientação.
“A aceitação dos alunos foi imediata e os resultados começaram a aparecer rapidamente. Tenho alunos de todo canto do Brasil”, conta Daniela.
De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 6,5 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência visual. No Sudeste, 3,1% da população é afetada, ou seja, 2.508. 587 pessoas têm cegueira ou baixa visão.
“No início, tive muita dificuldade em encontrar uma instituição ou um profissional para me ensinar o sistema Braille. Ao passar por isso, tive vontade de ajudar outras pessoas e fazer com que elas tivessem mais independência para se comunicarem e organizarem suas vidas. Poder ler é também uma forma de inclusão e o Braille é o caminho para isso”, explica Daniela.
Segundo a União Mundial de Cegos, aproximadamente 5% das obras literárias no mundo são transcritas para Braille em países desenvolvidos. Nos países mais pobres, essa porcentagem é de apenas 1%.
Imagem: Divulgação – Foto abertura, aula on line
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Imagem: Divulgação – Aula presencial Braille