– De repente me vem uma dor de cabeça, assim latejante, do centro para fora. Eu perco o equilíbrio, perco a noção de onde estou. Horas depois, estou deitada na cama, mas não sei o que aconteceu. Levanto-me na esperança de voltar aos meus afazeres, mas me sinto nauseada. Corro para o banheiro. Deparo-me comigo no espelho, mas não me reconheço. Não sou mais eu que estou ali. Vejo uma pessoa velha, acabada, que nunca vi na vida. Essa pessoa reclama, chora e sente uma dor que vem e vai como as ondas do mar. Ah! O mar. Era tão bom quando eu ia para a praia e entrava no mar. Espere! Não era eu. Isso aconteceu em um livro que li ou foi uma história que me contaram? Não sei dizer.
– Mãe, a senhora está me chamando? – perguntou a filha abrindo parcialmente a porta do quarto.
A mãe não respondeu.
– Essa mulher continua a me chamar de mãe, mas eu não a conheço. Não sei quem ela é. Eu só tenho 18 anos, como posso ser mãe de alguém – murmurou.
A filha observou com tristeza a mãe falando consigo mesma. Um Ser que definhava dia-a-dia consumido pelo monstro chamado doença de Alzheimer.
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