A mostra GRATUITA do cultuado diretor espanhol acontece de 13 de setembro a 01 de outubro e traz clássicos como “Ação Mutante”, “A Comunidade” e “Balada do amor e do ódio”.
O Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo apresenta a mostra inédita “O Cinema de Álex de la Iglesia”, com as principais obras do consagrado cineasta e um dos diretores e produtores de maior sucesso na Espanha. O evento acontece de 13 de setembro a 01 de outubro, com entrada gratuita. A mostra traz o estilo inconfundível do diretor Álex de la Iglesia que faz do cinema de gênero um campo de experimentações e mergulhos autorais, com obras marcadas pelo excesso, pelo grotesco e, também, pelo humor ácido e inteligente. Pouco conhecido pelo público brasileiro, o diretor, que já foi chamado de Tarantino espanhol, construiu uma filmografia poderosa e coerente, feita de personagens e histórias complexas que mantêm o espectador arrebatado, ao mesmo tempo com um sorriso no rosto e o olhar atormentado.
A mostra possui diversos destaques da carreira do diretor. Para a abertura do dia 13 de setembro, o clássico Ação Mutante (Acción Mutante,1993), considerado um marco do cinema de gênero na Espanha, traz o roteiro que se passa num futuro indeterminado e apocalíptico. Foi produzido por Pedro Almodóvar e está completando trinta anos em 2023.
Considerado uma obra-prima do cinema fantástico de terror, O Dia da Besta (El día de la Bestia, 1995), tornou o cineasta conhecido mundialmente, e levou, entre outros prêmios, o Goya de melhor direção. Um dos mais celebrados filmes do diretor espanhol, A Comunidade (La Comunidad, 2000), rendeu a Carmen Maura o Prêmio Goya de Melhor Atriz em 2001. Em Balada do amor e do ódio (Balada triste de Trompeta, 2010), um terror irreverente ambientado durante a ditadura franquista, o diretor levou o Leão de Prata (diretor) e o Leão de Ouro (roteiro, junto com seu parceiro constante Jorge Gerricaechevarría), no Festival de Veneza. E a comédia Crime Ferpeito (Crimen Ferpecto, 2004), é uma das obras “hitchcockianas” do cineasta.
O terror As Bruxas de Zugarramurdi (Las brujas de Zugarramurdi, 2013), grande vencedor do Prêmio Goya de 2014, traz um humor ácido, típico do diretor. Um dos grandes sucessos de bilheteria da carreira do cineasta, Muertos de Risa (1999), revisita a história do showbiz espanhol. Em 800 Balas (2002), o diretor revisita, à sua maneira, os principais clichês do western, seus mitos e personagens, misturando o passado e o presente da história do cinema. O filme Perdita Durango (2017), mostra um casal de bandoleiros, interpretados pelos astros Rosie Perez e Javier Bardem.
Diretor de grandes bilheterias na Espanha (o filme Perfectos desconocidos, de 2017, conseguiu mais de 18 milhões de espectadores, sendo considerado uma das cinco maiores bilheterias da história do cinema espanhol), Álex de la Iglesia é também um produtor atuante no audiovisual de seu país. Ao lado da atriz e produtora Carolina Bang, o casal vem tocando em ritmo acelerado diversos projetos pela Pokeepsie Films, uma das mais atuantes empresas produtoras da Espanha, que faz parte do grupo francês Banijay. Neste momento, estão filmando a 3ª temporada da série 30 Monedas para a HBO Espanha, e a minissérie 1992 para a Netflix. A programação traz a Sessão Especial Pokeepsie Films, com a exibição de Ninho de Musaranho (Musarañas, 2014), filme inédito no Brasil, dirigido por Juan Fernando Andrés e Esteban Roel.
A mostra também celebra a obra do grande mestre do terror no Brasil, José Mojica Marins (1936-2020), de quem Iglesia é um fã declarado, com as exibições especiais de A Praga, filme recuperado pelo cineasta e pesquisador Eugênio Puppo, sendo uma delas acompanhada de debate com o crítico e pesquisador Carlos Primati. Já a Sessão Especial Terrores Brasileiros, conta com a exibição do filme A Sombra Do Pai, de Gabriela Amaral Almeida.
Com patrocínio do Banco do Brasil, a mostra O Cinema de Álex de la Iglesia tem a curadoria de Daniel Celli e Rafael Carvalho e a produção da Ginja Filmes. A realização é do Centro Cultural Banco do Brasil, que ao realizar este projeto, reafirma seu compromisso de ampliar a conexão do brasileiro com a cultura e com a promoção do acesso à produção cinematográfica nacional e internacional.
Atividades complementares
A mostra “O Cinema De Álex de la Iglesia” conta ainda com três encontros presenciais no CCBB SP. O primeiro acontece no dia 16/09, sábado, às 16h30, com debate com o crítico e pesquisador Carlos Primati, após a exibição do filme A Praga, de José Mojica Marins. No dia 23/09, sábado, às 17h, o crítico e pesquisador Carlos Primati fala sobre o clássico O Dia da Besta. Já no sábado, dia 30/09, às 14h, acontece a Sessão Especial Terrores Brasileiros, com a exibição do filme A Sombra Do Pai, seguida do debate “Produzindo cinema fantástico”, que fala sobre a experiência de realização do cinema brasileiro dentro do gênero, uma tradição que vem se consolidando desde os anos 1960 até o cinema contemporâneo, com a presença da diretora Gabriela Amaral Almeida e da jornalista e pesquisadora Laura Cánepa.
Sobre os curadores
Daniel Celli
Atua na indústria audiovisual há quase 20 anos e nos últimos vem se dedicando à gestão pública, pensando ações dentro de políticas públicas que estimulem o mercado audiovisual e sua cadeia socioeconômica. Dentre elas a implementação e gestão até o final de 2019, da São Paulo Film Commission. Foi consultor para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU), em Projeto de Cooperação Técnica com o Ministério da Economia, para assuntos relacionados à políticas públicas para a indústria audiovisual e atualmente, coordena a Rio Film Commission, na RioFilme, pensando em potencializar ainda mais a Cidade do Rio de Janeiro como destino de produções audiovisuais. Já na primeira década de sua trajetória profissional trabalhou para a realização de dezenas de Mostras, Festivais de Cinema e eventos de mercado audiovisual, atuando em variadas funções, como produtor, curador, articulador de encontros, buscando unir talentos e estimular de diversas maneiras o audiovisual brasileiro.
Rafael Carvalho
Programador de cinema com experiência nas áreas de distribuição e exibição audiovisual; gestor cultural. Trabalhou como programador da Cinemateca Brasileira durante 10 anos. Entre 2013 e 2016, integrou a equipe de programação da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Foi também coordenador de programação do Circuito Spcine de Cinema, rede exibidora criada pela Spcine e marco da política pública para o audiovisual na cidade. Entre 2017 e 2019, foi agente de vendas da distribuidora Diamond Films. É produtor da área de audiovisual do Itaú Cultural, atuando como programador da plataforma de streaming de cinema brasileiro Itaú Cultural Play.
Sobre o CCBB SP
O Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, iniciou suas atividades há mais de 20 anos e foi criado com o objetivo de formar novas plateias, democratizar o acesso e contribuir para a promoção, divulgação e incentivo da cultura. A instalação e manutenção de nosso espaço em um prédio, em pleno centro da capital paulista, reflete também a preocupação com a revitalização da área, que abriga um inestimável patrimônio histórico e arquitetônico, fundamental para a preservação da memória da cidade.
Temos como premissa ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura, em suas diferentes formas. Essa conexão se estabelece mais genuinamente quando há desejo de conhecer, compreender, pertencer, interagir e compartilhar. Temos consciência de que o apoio à cultura contribui para consolidar sua relevância para a sociedade e seu poder de transformação das pessoas.
Acreditamos que a arte dialoga com a sustentabilidade, uma vez que toca o indivíduo e impacta o coletivo, olha para o passado e faz pensar o futuro. Com uma programação regular e acessível a todos os públicos, que contempla as mais diversas manifestações artísticas e um prédio, que por si só já é uma viagem na história e arquitetura, o CCBB SP é uma referência cultural para os paulistanos e turistas da maior cidade do Brasil.
SERVIÇO:
Mostra “O Cinema de Álex de la Iglesia”
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Período: 13 de setembro a 01 de outubro de 2023.
Ingressos GRATUITOS: Disponíveis no site bb.com.br/cultura e na bilheteria
Classificação indicativa: De acordo com cada filme, verificar em bb.com.br/cultura
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico, São Paulo – SP
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas
que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à
esquerda da entrada principal.
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação,
228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB).
O traslado pela van do CCBB é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento
e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São
Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas
Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da
Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há
também uma parada no metrô República. De 12h até o encerramento das atividades
do CCBB.
twitter.com/ccbb_sp | facebook.com/ccbbsp | instagram.com/ccbbsp
PROGRAMAÇÃO
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
13.09 I quarta
18h00 AÇÃO MUTANTE
14.09 I quinta
18h00 AS BRUXAS DE ZUGARRAMURDI
15.09 I sexta
15h30 CRIME FERPEITO
18h00 A COMUNIDADE
16.09 I sábado
15h00 Sessão-homenagem a José Mojica Marins I A PRAGA
16h30 Debate com o crítico e pesquisador Carlos Primati
17.09 I domingo
13h00 AS BRUXAS DE ZUGARRAMURDI
15h30 O DIA DA BESTA
20.09 I quarta
17h30 800 BALAS
21.09 I quinta
15h00 MUERTOS DE RISA
18h00 BALADA DO AMOR E DO ÓDIO
22.09 I sexta
15h00 Homenagem a José Mojica Marins I A PRAGA
17h30 PERDITA DURANGO
23.09 I sábado
15h00 O DIA DA BESTA
17h00 Debate com o crítico e pesquisador Carlos Primati
24.09 I domingo
13h00 AÇÃO MUTANTE
15h00 A COMUNIDADE
27.09 I quarta
18h00 BALADA DO AMOR E DO ÓDIO
28.09 I quinta
18h00 SESSÃO ESPECIAL POKEEPSIE FILMS I MUSARAÑAS
29.09 I sexta
15h00 MUERTOS DE RISA
17h30 800 BALAS
30.09 I sábado
14h00 Sessão especial “Terrores brasileiros” I A SOMBRA DO PAI
16h00 Debate “O fantástico de todo dia” com a cineasta Gabriela Amaral Almeida e com a jornalista e pesquisadora Laura Cánepa
18h00 A COMUNIDADE
01.10 I domingo
13h00 Homenagem a José Mojica Marins I A PRAGA
14h30 CRIME FERPEITO
17h00 SESSÃO ESPECIAL POKEEPSIE FILMS I MUSARAÑAS
FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES
800 BALAS, de Álex de la Iglesia
Espanha, 2002, 124 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Faroeste
Roteiro: Álex de la Iglesia, Jorge Gerricaechevarría
Elenco: Sancho Gracia, Carmen Maura, Eusebio Poncela, Ángel de Andrés López, Terele Pávez
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
O veterano Julián, um ex-dublê de cinema, vive com antigos colegas de trabalho num estúdio desativado em Almeria, na Espanha, onde antes se rodavam faroestes norte-americanos. Hoje, à beira da falência, a trupe faz números de acrobacia para pequenas plateias. Neste cenário, Julián vive entre a memória dos tempos áureos e a lembrança de Carlos, seu neto, que cresceu longe dele. Mas sua vida é transformada quando o menino decide conhecê-lo e se juntar ao bando. Ao mesmo tempo, uma ambiciosa empresária decide tomar o terreno para construir um resort de luxo.
Comentário
Em 800 Balas, Álex de la Iglesia revisita, à sua maneira, os principais clichês do western, seus mitos e personagens, misturando o passado e o presente da história do cinema. Como um museu da Sétima Arte a céu aberto, os desertos de Almeria, no sudoeste espanhol, foram palco das filmagens de clássicos do faroeste e sobre suas areias e pedras caminharam astros como Clint Eastwood, Henry Fonda, Charlton Heston e Elizabeth Taylor. É neste cenário mítico, impresso em películas canônicas, que o diretor espanhol ambienta sua narrativa, brincando com as tensões entre o moderno e o arcaico.
AÇÃO MUTANTE (Acción mutante), de Álex de la Iglesia
Espanha, 1993, 93 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Ficção científica
Roteiro: Álex de la Iglesia, Jorge Gerricaechevarría
Produção: Pedro Almodóvar, Agustín Almodóvar, Esther Garcia
Elenco: Antonio Resines, Frédérique Feder, Álex Angulo, Karra Elejalde, Saturnino García
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Humilhados pela sociedade, criminosos formam o exército “Ação mutante”. Disposto a se vingar dos maus-tratos, o bando, liderado por um ex-presidiário, se empenha em sequestrar a filha de um milionário, dono de uma indústria de bolachas integrais. O plano da trupe se concretiza durante a festa de casamento da jovem herdeira, numa verdadeira carnificina. Na esperança de receber uma grandiosa quantia, o grupo vai aos poucos se deteriorando, consumido pela avareza.
Comentário
Em sua estreia na direção de longas-metragens, Álex de la Iglesia ganha a benção de ninguém menos que Pedro Almodóvar, que assina a produção do filme. A história se passa num futuro indeterminado, apocalíptico, e seu grupo de protagonistas, a célula terrorista Ação mutante, não tem qualquer ambição política, a não ser semear o caos. Indicado a diversas categorias do Prêmio Goya, o Oscar do cinema espanhol, Ação mutante é considerado um marco do cinema de gênero na Espanha.
BALADA DO AMOR E DO ÓDIO (Balada triste de trompeta), de Álex de la Iglesia
Espanha/França, 2010, 107 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Terror
Roteiro: Álex de la Iglesia
Elenco: Carlos Areces, Antonio de la Torre, Carolina Bang, Enrique Villén, Sancho Gracia
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Em 1973, no final da ditadura do sanguinário general Francisco Franco, Javier, um palhaço tristonho, vai trabalhar num circo. Ele guarda uma herança gloriosa, já que seu pai, também palhaço, foi um herói na luta contra as tropas franquistas. Na nova trupe, composta por figuras bizarras, Javier é obrigado a contracenar com Sergio, o brutal palhaço feliz, que o humilha no picadeiro em nome do entretenimento. A história ganha contornos trágicos quando Javier se envolve com a mulher de Sergio, uma belíssima e esquiva acrobata.
Comentário
Prêmio de direção e roteiro no Festival de Veneza de 2010, em júri presidido pelo cineasta Quentin Tarantino, Balada do amor e do ódio mergulha no passado e no presente da história espanhola, ao recuperar os anos sombrios do regime franquista e seus traumas contemporâneos. Num estilo que lembra o teatro grand-guignol, marcado pela crueldade, a história desse triângulo amoroso se desenrola entre o humor ácido, a violência cartunesca e o horror típicos da filmografia do diretor.
AS BRUXAS DE ZUGARRAMURDI (Las brujas de Zugarramurdi), de Álex de la Iglesia
Espanha, 2013, 112 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Terror
Classificação indicativa: 18 anos
Roteiro: Jorge Gerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Elenco: Hugo Silva, Mario Casas, Pepón Nieto, Carolina Bang, Terele Pávez
Sinopse
Com dificuldades financeiras depois do divórcio, um pai solteiro decide roubar uma loja de joias, com a ajuda de outros ladrões. O furto é bem-sucedido e, durante a fuga, o bando pega uma estrada, saindo de Madri, até chegar no misterioso vilarejo de Zugarramurdi, entre a escuridão das florestas do País Basco. Lá, eles vão se deparar com o pior pesadelo de suas vidas ao cair nas garras de um sanguinário grupo de bruxas.
Comentário
Grande vencedor do Prêmio Goya de 2014, em categorias como figurino, som, edição e efeitos especiais, As bruxas de Zugarramurdi é uma aventura visual ambiciosa, que prende o espectador pelo excesso e pela montagem acachapante – e, claro, pelo humor ácido típico do diretor. Boa parte do prazer em assisti-lo vem da epopeia dos protagonistas, um grupo de homens cheios de si que precisa lidar com a fúria ancestral de uma irmandade de bruxas. Destaque para a participação da rainha do cinema espanhol Carmen Maura, e da atriz e produtora Carolina Bang, parceria de Álex de la Iglesia em diversas de suas criações mais recentes.
A COMUNIDADE (La comunidad), de Álex de la Iglesia
Espanha, 2000, 110 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Suspense
Roteiro: Jorge Gerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Elenco: Carmen Maura, Jesús Bonilla, Eduardo Antuña, Terele Pávez, Enrique Villén,
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Julia é uma corretora de imóveis. Querendo desfrutar de uma noite romântica, ela vai dormir com o namorado num dos apartamentos que está vendendo. Enquanto novos inquilinos não chegam, ela desfruta do conforto do lugar, entre sofás de couro legítimo e um colchão de água ideal para fazer amor. Certo dia, no entanto, bombeiros e outros moradores arrombam um apartamento e ali encontram, no meio de sacos de lixo, ratos e baratas, o cadáver de um homem, que morreu e foi esquecido. Julia vasculha os pertences do morto e acaba descobrindo uma enorme quantia de dinheiro guardada. Imaginando-se milionária, ela não percebe que todos à sua volta querem colocar as mãos no mesmo tesouro.
Comentário
Um dos filmes mais conhecidos e celebrados do diretor espanhol, A comunidade rendeu a Carmen Maura o Prêmio Goya de Melhor Atriz em 2001. Uma das grandes “obras hitchcockianas” do cineasta, o longa homenageia o mestre do suspense já nos créditos iniciais, com grafismos que remetem à abertura do clássico Um corpo que cai (1958). Uma das maiores atrizes do cinema espanhol, estrela de Pedro Almodóvar, Carmen Maura brilha no papel da inescrupulosa e carismática Julia.
CRIME FERPEITO (Crimen ferpecto), de Álex de la Iglesia
Espanha/Itália, 2004, 105 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Comédia
Roteiro: Jorge Gerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Elenco: Guillermo Toledo, Mónica Cervera, Luis Varela, Fernando Rojete, Javier Gutiérrez
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Rafael é vendedor de uma sofisticada loja de departamentos em Madri. Ambicioso e arrogante, é desejado pelas mulheres, que o querem como amante, e bajulado pelos homens, que querem ser como ele. Mas, sua liderança nas vendas e a chance de subir de cargo são ameaçadas por Dom Antonio, antigo e experiente vendedor. Durante uma briga dentro de um provador, Rafael mata o seu oponente. Na tentativa de ocultar o crime, é surpreendido pela ajuda de uma estranha cúmplice.
Comentário
Segundo Álex de la Iglesia, o título de Crime ferpeito é uma referência bem-humorada ao clássico de Alfred Hitchcock, Disque M para matar (1954), lançado na Espanha com o nome de Crime perfeito. A menção ao mestre do suspense não é gratuita se pensarmos que a história do diretor espanhol é, de alguma forma, um thriller psicológico de chantagem. Mas há também outros elementos hitchcockianos mais sutis em Crime ferpeito, como o cenário claustrofóbico, um “entre quatro paredes” onde as personagens se debatem movidas por suas intenções obscuras, como acontece em Festim diabólico (1948). Seja como for, Crime ferpeito é talvez um dos melhores exemplos da habilidade de Álex de la Iglesia em conduzir uma narrativa de medo e humor. A inteligência do roteiro e a habilidade de direção se combinam ao excelente desempenho do casal de protagonistas, com Guillermo Toledo no papel do escroque e machista Rafael, e com Mónica Cervera no papel da diabólica Lourdes.
O DIA DA BESTA (El día de la bestia), de Álex de la Iglesia
Espanha, 1995, 103 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Terror
Roteiro: Jorge Gerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Elenco: Álex Angulo, Armando de Razza, Santiago Segura, Nathalie Seseña, Terele Pávez
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Padre Ángel encontra uma mensagem secreta no livro do Apocalipse de São João: o Anticristo nascerá em Madri, na véspera do Natal. Depois de decifrar o enigma, ele decide praticar o mal, seguro de que assim encontrará com Satanás. Sua estratégia é atrair o diabo para que este lhe diga onde o Anticristo está, matar o bebê demoníaco e salvar a humanidade. Para realizar a arriscada missão, Padre Ángel conta com a ajuda de um metaleiro e de um ocultista charlatão, estrela de um programa de TV.
Comentário
“Vou pecar, vou fazer todo o mal que possa”. Com essa frase, proferida pela quixotesca personagem de Álex Angulo, Padre Ángel, Álex de la Iglesia abre o premiado e polêmico O dia da besta. Um dos filmes de terror mais inteligentes e inventivos dos anos 1990, o terceiro longa do cineasta espanhol transcende a diversão para ecoar, com graça e originalidade, traumas da sociedade espanhola. A Madri que surge nas telas é suja, kitsch, miserável e acossada por um grupo de extrema-direita que caça moradores de rua e imigrantes. Os milicianos higienistas são as verdadeiras entidades do mal que Padre Ángel quer destruir.
MUERTOS DE RISA, de Álex de la Iglesia
Espanha, 1999, 113 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Comédia
Roteiro: Jorge Gerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Elenco: Santiago Segura, El Gran Wyoming, Álex Angulo, Carla Hidalgo, Eduardo Gómez
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Nino é cantor de uma boate e sua carreira não vai a lugar nenhum. Da mesma forma, Bruno é um fracassado comediante. Certo dia, um agente de talentos decide juntá-los para compor uma dupla num programa popular da televisão espanhola. Enquanto Nino treme em cima do palco, Bruno o esbofeteia e arranca calorosos risos da plateia. Essa situação é o estopim para a trajetória das duas celebridades, que se relacionam de uma maneira curiosa – quanto mais sucesso fazem, mais se odeiam. Entre bastidores, novas modas e os anos que passam, a convivência entre eles vai se encaminhando para as raias do delírio e da pura violência.
Comentário
Em Muertos de risa, Álex de la Iglesia revisita a história do showbizz espanhol ao situar a narrativa no meio televisivo dos anos 1970 e 1980, período de grandes transformações culturais e políticas na Espanha, incluindo a queda da ditadura de Francisco Franco. O filme reúne dois astros locais: o ator Santiago Seguro, um dos protagonistas de O dia da besta, e parceiro do diretor em vários filmes, e o humorista El Gran Wyoming, conhecido do público espanhol. Muertos de risa foi um dos grandes sucessos de bilheteria da carreira do cineasta.
PERDITA DURANGO, de Álex de la Iglesia
Espanha/México, 1997, 129 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Policial
Roteiro: Barry Gifford, Jorge Guerricaechevarría, David Trueba, Álex de la Iglesia I Baseado no romance de Barry Gifford
Elenco: Rosie Perez, Javier Bardem, Harley Cross, Aimee Graham, James Gandolfini
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Perdita Durango é uma bandida sexy e destemida. No México, ela conhece Romeo Dolorosa, ladrão e traficante afeito a rituais macabros. Eles se envolvem amorosamente e acabam sequestrando dois jovens norte-americanos. Entre gangsters mexicanos, assassinos, traições e o transporte de uma estranha carga humana, os quatro partem numa frenética viagem em direção a Las Vegas. No seu encalço, está um agente do FBI.
Comentário
Pelo olhar original de Álex de la Iglesia, os astros Rosie Perez e Javier Bardem encarnam o mito do casal de bandoleiros que atravessa estradas e cidades a cometer atos bárbaros e a passar por cima dos que se colocam em seu caminho – tal como o eterno par criminal Bonnie e Clyde. O que une estes amantes é um sentimento selvagem, incondicional e trágico. Em seu terceiro longa, o diretor embarca numa vereda semelhante a de obras como Coração selvagem (1990), de David Lynch. Barry Gifford, roteirista de Perdita Durango e autor do romance no qual a história se inspira, também assina o argumento do clássico de Lynch. Destaque para a participação de James Gandolfini, estrela da série Família Soprano (1999), no papel do policial que persegue os amantes psicopatas.
Sessão-homenagem: A Praga de José Mojica Marins
A PRAGA, de José Mojica Marins
São Paulo, 2021, 70 min
Exibição em arquivo digital
Terror
Roteiro: Rubens Francisco Lucchetti
Elenco: Wanda Cosmo, Felipe Von Reno, Silvia Gless
Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse
O filme conta a história de um jovem e belo casal – Juvenal e Marina – que no feriado de Sexta-Feira Santa vai passear por uma região rural para tirar fotos. O casal acaba se deparando com uma velha exótica, que Juvenal começa a fotografar, enquanto debocha dela, chamando-a de bruxa. A velha então joga uma praga no inconsequente rapaz: “Suas carnes se abrirão em cancro, cairão em pedaços e arderão como brasas!”. É o início da desgraça de Juvenal, que passa a ser atormentado por terríveis pesadelos, torna-se irritadiço e violento e por fim afunda em um processo de loucura e paranoia.
Comentário
Filmado em 1980 e dado como perdido, A Praga é o único filme inédito de Mojica conhecido até o momento. As latas de negativo em película super-8 com as filmagens foram encontradas quando a Heco Produções realizava a Retrospectiva José Mojica Marins: 50 anos de carreira, em 2007. Após um longo processo que incluiu digitalização, dublagem, novas filmagens e pós-produção, o lançamento de A Praga representa uma importante adição à obra de José Mojica Marins, preenchendo uma lacuna na filmografia de um dos mais importantes, longevos e prolíficos cineastas do país.
SESSÃO ESPECIAL I POKEEPSIE FILMS
MUSARAÑAS, de Juanfer Andrés e Esteban Roel
Espanha, 2014, 91 min
Exibição em arquivo digital
Legendas em português
Terror
Roteiro: Juanfer Andrés, Sofía Cuenca
Elenco: Macarena Gómez, Nadia de Santiago, Hugo Silva, Luis Tosar, Carolina Bang
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse
Espanha, década de 1950. Montse tem agorafobia e vive trancada num sinistro apartamento em Madri. Ela trabalha como costureira e seu único contato com a realidade é a irmã mais nova, que experimenta o mundo do lado de fora. Certo dia, Carlos, um vizinho, se acidenta na escada do edifício e é recolhido por Montse. Agonizante, sem poder se mexer, o rapaz viverá uma bizarra experiência dentro deste apartamento.
Comentário
Produzido pela Pokeepsie Films, em especial por Álex de la Iglesia e Carolina Bang, que também participa do filme como atriz, Musarañas é o longa-metragem de estreia dos jovens diretores espanhóis Juanfer Andrés e Esteban Roel. O filme traz as marcas de seus produtores, num misto de terror e suspense que lembra as histórias do escritor Stephen King.
SESSÃO ESPECIAL I TERRORES BRASILEIROS
A SOMBRA DO PAI, de Gabriela Amaral Almeida
Brasil, 2018, 92 min
Exibição em arquivo digital
Suspense
Roteiro: Gabriela Amaral Almeida
Elenco: Nina Medeiros, Julio Machado, Luciana Paes, Carlota Joaquina, Caio Juliano
Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse
O filme conta a história de um pai e uma filha que não conseguem se comunicar. Órfã de mãe, Dalva, de nove anos de idade, vê o seu pai, o pedreiro Jorge, ser consumido pela tristeza após perder o melhor amigo. Dalva acredita ter poderes sobrenaturais e ser capaz de trazer a mãe de volta à vida. À medida que Jorge se torna mais ausente – e eventualmente perigoso –, resta a Dalva a esperança de que sua mãe haverá de voltar.
SOBRE OS DEBATEDORES
CARLOS PRIMATI – Crítico e pesquisador especializado em cinema fantástico. Publicou artigos em livros sobre a obra do cineasta José Mojica Marins, sobre o Horror no Cinema Brasileiro e sobre o cineasta Carlos Hugo Christensen, em mostras dedicadas à produção nacional no gênero, e nas revistas Filme Cultura, Preview, Cineplot, Acrobata, LumeScope e Teorema. Membro da Abraccine, colaborou com artigos para os livros sobre animação brasileira e curtas-metragens organizados pela associação. Ministra cursos de cinema sobre Alfred Hitchcock, Expressionismo Alemão, Cinema de Horror, Ficção Científica da Década de 1950, Horror Independente, Zé do Caixão, Horror Ficção Científica e Fantasia no Cinema Brasileiro, Apocalipse Zumbi, Horror Britânico, entre outros.
GABRIEL AMARAL ALMEIDA – diretora, roteirista e dramaturga.
Mestre em literatura e cinema de horror pela UFBA (Brasil, 2005) e com especialização em roteiro pela Escuela Internacional de Cine y TV (EICTV, 2007) de Cuba, escreveu e dirigiu os longas “O Animal Cordial” (2016) e “A Sombra do Pai” (2017). Com este último, participou dos Laboratórios Sundance de Roteiro, Direção e Música (EUA, 2014). Em 2022, foi residente na prestigiosa MacDowell Institute (EUA), onde desenvolveu o argumento do longa-metragem “Crocodila”, uma fábula de horror corporal sobre uma jovem herdeira carioca, que lentamente se transforma em um crocodilo. O filme está em fase de captação e será produzido pela South.
No Brasil, foi roteirista em filmes de Walter Salles, Cao Hamburger, Sérgio Machado, Márcia Faria, dentre outros. Em 2012, escreveu o espetáculo “A Travessia da Kalunga Grande” para a Cia Livre de Teatro, uma das companhias de teatro de maior destaque no país. Entre 2008 e 2018, assinou roteiro e/ou direção de um total de dez curtas de ficção com expressiva participação em festivais de cinema nacionais e internacionais.
Entusiasta do melodrama norte-americano das décadas de 50 e 60, em especial a obra de Douglas Sirk, Amaral Almeida foi uma das diretoras da telenovela “Verdades Secretas II” (2021), um sucesso de audiência da TV Globo. Atualmente, se prepara para dirigir “Cão de Guarda”, um road movie de ação (República Pureza Produtora); além de desenvolver o roteiro de “O Demônio no Andar de Baixo” a partir do conto “No Quarto Dezenove”, da Nobel de Literatura Doris Lessing (Amaral Almeida também dirige o filme, que será produzido pela O2 Filmes).
Nos Estados Unidos, é agenciada pela WME (William Morris Endeavor).
LAURA CÁNEPA
Laura Loguercio Cánepa é jornalista e pesquisadora de cinema. É Doutora em Multimeios pelo IAR-Unicamp (2008), Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP (2002) e graduada em Jornalismo pela FABICO-UFRGS (1996).
Atualmente, atua como Coordenadora e Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. É membro da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) e da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE).
É editora do periódico INSÓLITA – Revista Brasileira de Estudos Interdisciplinares do Insólito, da Fantasia e do Imaginário. Foi editora da REBECA – Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, da SOCINE. É líder do Grupo de Pesquisa “Novos regimes de visualidade no século XXI”.
É membro dos Grupos de Pesquisa “História da Experimentação no Cinema e na Crítica” (USP) e “Estudos do Horror e do Insólito na Comunicação” (UAM). Em 2018, recebeu o Prêmio Luis Beltrão de Ciências da Comunicação (Liderança Emergente) concedido pela INTERCOM.
Imagem: Divulgação – Foto abertura Balada do amor e do ódio (Balada triste de Trompeta, 2010)
Mais em: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB/SP e ATTi Comunicação
Imagem: Divulgação – Filme ‘O Dia da Besta’