Com a chegada do Dia Nacional da Conscientização da Esclerose Múltipla, 30 de agosto, o Dr. Mateus Dal Fabbro analisa os desafios e os avanços da medicina no combate a doença.
Estima-se que, no Brasil, de 35 mil a 40 mil pessoas são afetadas pela esclerose múltipla, segundo a ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla). A doença degenerativa que ataca o sistema neurológico pode resultar em aposentadoria precoce, isso porque acomete mais adultos jovens, com pico em torno de 30 anos de idade. Porém não se conhece fatores de risco ambientais ou de hábitos que possam justificar o desencadeamento da doença.
Uma pesquisa publicada em 2020 pela Firjan, com o apoio da Roche Farma Brasil, aponta que aproximadamente 40% das pessoas com esclerose múltipla estão fora do mercado de trabalho, sendo que 1.860 pessoas de um total de 7.300 foram aposentadas por invalidez por conta da EM. Segundo o médico neurologista, Dr. Mateus Dal Fabbro, do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, hoje a doença é considerada a segunda maior causa de incapacidade neurológica em adultos, depois do traumatismo craniano.
Apesar de não haver cura conhecida, o avanço da medicina tem permitido uma melhor qualidade de vida para aqueles que convivem com a esclerose múltipla. “Várias drogas têm sido testadas e já utilizadas, destacando-se nos últimos anos o emprego de anticorpos monologais, que têm proporcionado resultados muito encorajadores. O transplante de medula óssea também tem sido estudado como alternativa eficaz para casos selecionados ”, explica o neurologista.
O tratamento é dividido em duas partes principais, sendo uma centrada no surto desmielinizante, que em geral envolve o uso de corticosteróides em altas doses por alguns dias, em regime de internação hospitalar. A outra parte é o tratamento modificador da doença, que em geral envolve o uso de imunomoduladores que visam diminuir a frequência e gravidade dos surtos e assim a piora progressiva da doença. “Existem hoje vários agentes que proporcionam bons resultados neste sentido”, diz o médico.
Sintomas
A EM envolve um processo inflamatório que causa danos à bainha de mielina, estrutura responsável pela alta velocidade de propagação dos impulsos nervosos através dos neurônios, o que é fundamental para o adequado funcionamento do sistema nervoso central. O processo prejudica a propagação dos impulsos nervosos em diferentes regiões do cérebro, levando a uma diversidade de manifestações neurológicas a depender das regiões atingidas.
Os sintomas da EM são variados, mas a forma mais comum da doença é a remitente-recorrente, que se caracteriza por surtos, onde ocorrem os sintomas neurológicos propriamente ditos. As principais são alterações da visão (turvação, embaçamento) uni ou bilateral, déficits motores (que podem acometer um lado do corpo, ou as duas pernas por exemplo que o surto atinge a medula), dificuldades para a fala e para a coordenação dos movimentos.
O Dr. Mateus Dal Fabbro explica que este surto se instala ao longo de horas ou dias e depois o paciente entra no período de remissão, onde vai lentamente melhorando destes déficits ao longo de meses, muitas vezes com uma recuperação incompleta, até que ocorra um novo surto que pode ser semelhante ou envolvendo outros sintomas neurológicos.
O diagnóstico clínico, no tempo certo, pode fazer a diferença. Alguns exames são fundamentais para isso, como a Ressonância Magnética (RM) do encéfalo e medula, a análise do líquor e também alguns exames de neurofisiologia, como o exame de potenciais evocados, destacando-se entre estes o papel da RM, hoje em dia fundamental para se firmar o diagnóstico.
Especulações
Há o conhecimento de que a doença atinge mais as mulheres, em uma razão de 2:1 aproximadamente, e que desenvolve-se mais cedo em relação aos homens. A EM também é mais comum entre a população mais jovem, tendo em vista a obesidade na adolescência como possível fator de risco. No entanto, as causas por trás da doença ainda não são totalmente conhecidas.
O médico também explica que o tabagismo parece estar relacionado a uma pior evolução da doença, alguns estudos mostraram que a incidência pode ser maior em fumantes, mas até o momento nenhuma relação causal foi estabelecida.
Existe um risco um pouco maior entre irmãos e parentes de pacientes com esclerose múltipla em desenvolver a mesma doença, em torno de 3%, indicando a existência de uma predisposição genética. “Há a suspeita de ocorrer algum evento gatilho, como uma infecção bacteriana ou viral que desencadeia a resposta inflamatória autoimune, mas isso não é comprovado” conclui o Neurologista.
Sobre o Hospital São Francisco de Mogi Guaçu
Com mais de 30 anos de história, o Hospital São Francisco teve seu início em 1986 com um grupo de médicos que partilhavam do mesmo objetivo de criar um hospital moderno, com equipamentos inovadores e aliado a um atendimento de qualidade que preza pelo conforto e bem-estar de seus pacientes. O projeto inicial com 35 médicos-sócios hoje conta com mais de 100, além dos mais de 700 funcionários, 7.500 atendimentos no pronto atendimento e as 600 cirurgias realizadas mensalmente.
Imagem: Divulgação – Foto abertura Fakurian Design no Unsplash
Mais em: Hospital São Francisco e VIRA Comunicação