Aconteceu em um dia chuvoso. Ela estava sombria. Havia chorado toda madrugada. Não notava os olhares oblíquos que recebia, conforme passavam por ela em direção à plataforma de embarque. Vestida com seu tailleur discreto, expressava toda angústia que sentia, através de seus olhos vermelhos. Estava prestes a deixar uma vida de amor projetada a dois.
Seguiu em frente, em direção ao vagão do trem que a esperava. Antes de entrar olhou para a entrada na esperança de vê-lo mais uma vez. Sabia que ele a seguiria, e tentaria resgatar o seu amor. Alguns segundos se passaram. Como previsto, ela o viu. Adentrava a porta com seu porte atlético. Foi em um piscar de olhos que ele a viu arrancar o colar do pescoço. As pérolas se espalharam pelo chão, ao mesmo tempo que ela subia no trem, sem olhar para trás.
Ele sabia que estava perdido, e que nunca mais a veria. Sem saber ao certo o que fazer, se abaixou e começou a catar as pérolas, uma a uma, enquanto se arrependia de ter dado ouvidos aos seus desejos: ter se deitado com a melhor amiga da sua ex-futura esposa. Pena que ele era orgulhoso demais para admitir.
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Mais em: Nilsa M. Souza