Literatura

Desaparecido

Eles estavam no quintal.
– Você deveria limpar melhor aqui. Não adianta fazer de qualquer jeito.
– Pai, eu já disse para você parar. Não me importa o que você pensa.
– Estou tentando ajudar.
– Sai daqui, velho miserável – gritou, levando as mãos no peito do pai, empurrando-o e jogando-o no chão.
Ao ouvir um grito Verinha correu para ver o que estava acontecendo. Era o marido  estirado no chão, tentando levantar e partir para a briga. Verinha e a filha menor não deixaram. Com muito custo o levaram para dentro de casa. O filho foi para o seu quarto.
Eu, que era vizinha, vi tudo. O que eles não sabiam é que como enfermeira conhecia aquele estado alterado do garoto. Ele estava drogado e pelo visto ninguém percebia. Estavam cada um nos seus próprios mundos e dificuldades, sonhando com uma vida melhor, com um mundo melhor. Essa foi a última vez que os vi. Depois, soube que ele sumiu de casa, desapareceu sem deixar rastro. Chegaram a procurá-lo pelo centro da cidade. Foram à  polícia, registraram boletim de ocorrência como desaparecido, mas ninguém soube dele. Restou o sofrimento da mãe que continuava esperançosa com a volta do filho para o seu lar.

Nilsa M. Souza

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