Você sabia que ao ácidos graxos essenciais não são produzidos pelo organismo? Eles precisam ser adquiridos através da alimentação e desempenham importantes funções no organismo, afetando a saúde cardiovascular, pulmonar e imunológica. E mais que isso: eles afetam a saúde do cérebro!
Os ácidos graxos Ômega 3 acumulam-se no cérebro durante a infância afetando seu desenvolvimento, influenciando por exemplo, no crescimento dos neurônios e no metabolismo cerebral [1,2]. O consumo de Ômega 3, que tem como principal fonte natural o óleo de peixe, se faz importante para a estrutura do córtex cerebral, em especial para o lobo frontal, região responsável por funções executivas e regulação comportamental e emocional. Além disso, também é fundamental no desenvolvimento da memória e aprendizagem [3,4].
Estudos recentes relataram benefícios do consumo de Ômega 3 por crianças, destacando melhora no desenvolvimento cognitivo infantil e na saúde física e mental.
Em relação ao desenvolvimento infantil foram observadas melhoras na capacidade cognitiva, relacionadas a função executiva e global, de autorregulação, de vigilância e de velocidade de processamento de informações. Destacou-se a melhora da memória, linguagem e inteligência.
Entre os benefícios à saúde física os estudos indicam melhora dos níveis de colesterol, triglicérides, insulina e benefícios à função cardíaca, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares e obesidade.
Já em relação ao benefícios à saúde mental foram relatadas melhoras na comunicação e em relacionamentos, na regulação emocional, incluindo melhora do humor e irritabilidade e melhora de quadros de hiperatividade, transtorno bipolar, ansiedade e depressão que influenciam diretamente na qualidade de vida.
Baixas concentrações de Ômega 3 no sangue aumentam o risco de doenças crônicas podendo indicar inflamação e têm sido associadas a déficit de atenção e aprendizagem [4,5]. No Brasil, o consumo de peixes está aquém do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, sendo considerado como baixíssimo [6]. Nesse sentido, é importante repensarmos nosso consumo e o consumo feito por nossas crianças, idealmente com acompanhamento de um médico ou nutricionista.
- TEISEN, Marie N. et al. Exploring the effects of oily fish consumption on measures of acute and long-term stress in healthy 8–9-year-old children: the FiSK Junior randomised trial. British Journal of Nutrition, v. 126, n. 8, p. 1194-1202, 2021.
- FUENTES-ALBERO, Milagros; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, María Isabel; CAULI, Omar. Omega-3 long-chain polyunsaturated fatty acids intake in children with attention deficit and hyperactivity disorder. Brain sciences, v. 9, n. 5, p. 120, 2019.
- OYEN, Jannike et al. Fatty fish intake and cognitive function: FINS-KIDS, a randomized controlled trial in preschool children. BMC medicine, v. 16, n. 1, p. 1-15, 2018.
- GRAZIOLI, Silvia et al. Association between fatty acids profile and cerebral blood flow: an exploratory fNIRS study on children with and without ADHD. Nutrients, v. 11, n. 10, p. 2414, 2019.
- STARK, Ken D. et al. Global survey of the omega-3 fatty acids, docosahexaenoic acid and eicosapentaenoic acid in the blood stream of healthy adults. Progress in lipid research, v. 63, p. 132-152, 2016.
- DE OLIVEIRA SARTORI, Alan Giovanini; AMANCIO, Rodrigo Dantas. Pescado: importância nutricional e consumo no Brasil. Segurança alimentar e nutricional, v. 19, n. 2, p. 83-93, 2012.
Doutoranda em Fisiopatologia Médica; Mestre em Gerontologia – Faculdade de Ciências Médicas UNICAMP; Graduada em Educação Física – Faculdade de Educação Física UNICAMP
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