É um ato comportamental humano ter cuidados adicionais com a alimentação das crianças. Há um consenso de que a ingestão adequada de nutrientes nos primeiros anos de vida é essencial para a obtenção de desenvolvimento e crescimento saudáveis.
Por Ana Beloto – Prazeres da Mesa
Durante anos a ciência privilegiou a importância de um nutriente em detrimento de outros. Ora as proteínas, ora os carboidratos, ora vitaminas e minerais ocuparam o podium dos mais importantes. Mas, à medida que as pesquisas foram avançando, concluiu-se que uma alimentação de boa qualidade é resultado do equilíbrio de todos os nutrientes em quantidade, proporções e variedades adequadas. No caso das gorduras, já se sabe que devem ser consumidas com moderação e que sua qualidade deve ser superior, como o azeite de oliva.
O azeite é rico em gordura monoinsaturada, que tem um papel protetor cardiovascular importante. Por isso, consumido habitualmente, na proporção correta e o quanto mais cedo incluído na alimentação contribuirá para a diminuição de doenças cardiovasculares. Isso porque reduz as taxas de LDL e aumenta as de HDL, auxiliando no controle da pressão arterial.
Benefícios na alimentação infantil
Consumido em dietas mediterrâneas há milênios, o azeite está associado a inúmeros benefícios para a saúde, inclusive para as crianças. Na proporção correta, as gorduras são essenciais na alimentação infantil porque são ótimas fontes de energia, fornecem 9 calorias por grama contra 4 calorias por grama das proteínas e carboidratos. São fontes também de vitaminas lipossolúveis – A, D, E, K -, auxiliam no processo de crescimento e participam ativamente da formação do sistema nervoso.
Iniciar bons hábitos alimentares na infância é fundamental. A partir do sexto mês é a fase de experimentação de novos sabores e o início da formação de bons hábitos alimentares. O azeite, pelos compostos químicos e o teor de ácido linoleico de 6% a 7%, se assemelha nisso à composição do leite materno e pode ser usado a partir dos seis meses de idade, junto com a iniciação da alimentação pastosa, na dosagem de uma colher (chá) ao dia.
O azeite de oliva é uma boa opção para o preparo de refeições e de outras elaborações da alimentação infantil. Alimentação essa que não deve ser monótona e deve ser diversificada e com refeições e lanches com boa apresentação, e saborosos. Nisso, o azeite também pode ajudar. Esse alimento milenar enriquece o sabor dos alimentos tornando-os muito mais apetitosos.
Como incluir azeite na alimentação das crianças
Inicie incluindo no dia a dia o azeite de oliva em papinhas salgadas e em papinhas doces. Depois, com o desenvolvimento e o crescimento da criança inclua-o em refeições com legumes, verduras, carnes brancas e até em frutas e sobremesas. Isso auxiliará na adaptação alimentar da criança, que começa a perceber os diversos sabores (doce, amargo, picante), os aromas e as texturas dos alimentos.
E qual azeite utilizar na alimentação dos pequenos? Lembre-se de que não são todos iguais. Existem mais de 2.000 variedades de azeitonas catalogadas mundialmente. Levando em consideração apenas esse fator, podemos imaginar as diversidades de azeites que podem ser produzidas. Nessa conta, devemos também incluir outros elementos que influenciam o azeite: clima, solo, prática de cultivo, maturação das azeitonas, temperatura e a rapidez com que as azeitonas são processadas, além do grau de acidez, que, pelos critérios de classificação do Conselho Oleico Internacional, o azeite extravirgem (o azeite de qualidade superior) deve ter até 0,8% de acidez, o azeite virgem de 0,8 a 2%, ambos feitos a partir de processos físicos e sem nenhum processo químico ou de refino.
Pensando nesse nicho de mercado e nos consumidores mirins, algumas marcas já possuem azeites feitos exclusivamente para agradar o paladar das crianças e são vendidos em garrafas com apelo didático. No geral, dê preferência em usar na alimentação infantil o azeite de oliva extravirgem – de qualidade superior – com sabores mais suaves, frutados e amendoados. É importante que tenham também, mesmo que menos perceptível ao paladar, o amargor e a picância (atributos positivos do azeite) que auxiliarão as crianças na percepção desses sabores desde cedo.
Incluir o azeite na alimentação infantil vai ao encontro das recomendações médicas: para se ter uma vida saudável é necessário ter uma dieta adequada desde cedo, começando pelo aleitamento materno. Além disso, é preciso optar por um estilo de vida mais ativo e socialmente equilibrado. Assim, garantem os estudos, teremos vida longa.
Imagem: Divulgação
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